Lá se foi o primeiro turno das eleições 2022 e o clima foi quente, diria tenso, e a disputa à cadeira presidencial confirmou os números apresentados nas pesquisas eleitorais, ou seja, o segundo turno será disputado entre o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e o atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, do Partido Liberal (PL).
As eleições de 2022 estão repetindo o mesmo cenário efervescente de 2018: uma guerra declarada entre eleitores extremistas. E assim presenciamos uma triste e cansativa repetição do contexto político apresentado há 4 anos.
O país, mais uma vez, está tomado por uma guerra ideológica explícita. Tanto os extremistas de esquerda quanto os da direita se enervam, gritam (até casos de agressão são noticiados) e xingam uns aos outros. Vivemos há quatro anos um clima de Cruzeiro x Atlético Mineiro, de arquirrivais, que parece não ter fim. A política brasileira se transformou numa espécie de luta entre o Bem versus o Mal, fazendo uma analogia bem simplista. Claro que cada uma das “torcidas” vai dizer que o seu candidato é do bem e que o outro é do mal, numa verdadeira batalha de egos, onde ninguém ganha, e, mais uma vez, quem perde é a nação brasileira.
Como se não bastasse tudo isso, acredito ser necessário denunciar um comportamento inaceitável de candidatos eleitos: a deslealdade ideológica. Comecemos pelo nosso próprio governador Romeu Zema que, antes de ser reeleito pela população mineira, não apresentou apoio a nenhum candidato presidencial, mas foi só ganhar as eleições ao governo do Estado de Minas Gerais que, quase que imediatamente, divulgou publicamente seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Assim como ele, há vários outros exemplos pelo Brasil afora, demonstrando que não são pessoas confiáveis e que agem de forma desleal para com a população brasileira. Infelizmente, este é um comportamento típico da classe política do nosso país. São cidadãos que parecem possuir um desvio de caráter, agindo como se fossem personagens do chamado circo político brasileiro.
Atitudes como a do governador de Minas Gerais denotam, ainda, que os políticos/candidatos são motivados por interesses individuais ou pelo que lhe é útil. Eu apoio fulano porque é mais conveniente, hoje é mais interessante apresentar meu apoio ao candidato porque ele pode trazer vantagens à minha gestão. Não existem interesses legítimos em favor da população brasileira ou parcerias genuínas que possam contribuir para o desenvolvimento e progresso do nosso país. Existe apenas o interesse pessoal movido por objetivos e metas ilegítimos (às vezes escusos) e sede de poder.
É duro assistir a esse cenário de falsidade, hipocrisia e motivações pessoais. Diante disso fica difícil acreditar que estaremos um dia salvaguardados nas mãos dos políticos. Sonho com o dia em que nossos governantes apresentem projetos e objetivos, que atendam aos interesses coletivos do povo brasileiro. Sonho com o dia em que meu filho e nossas crianças possam desfrutar de um Brasil governado por políticos/cidadãos, cuja única motivação seja servir honestamente e de forma legítima ao batalhador cidadão brasileiro.
Euseli dos Santos
Advogado em Uberaba/MG – OAB/MG 64.700; mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp); conselheiro estadual titular da OAB/MG triênio 2022/2024