No Dia Mundial da Água não há muito o que celebrar. Os índices de consumo de água continuam preocupantes. Ainda há pouca consciência por grande parte da população (é comum ver mangueiras abertas lavando as calçadas pelas ruas das cidades). Projetos de reúso e de reaproveitamento das águas das chuvas ainda não são parte da nossa realidade. Os reservatórios das represas tornaram-se preocupação constante.
Em paralelo a isso, os efeitos do aquecimento global estão cada vez mais devastadores. Nos meses de abril e maio do ano passado, 478 municípios gaúchos foram atingidos pelas enchentes. A destruição afetou mais de dois milhões de cidadãos, sendo 183 falecidos e 27 desaparecidos. Até hoje os habitantes locais lutam para reerguer o que foi destruído. Atualmente, a população paulistana está dançando ao som de Águas de Março, o clássico da Bossa Nova. As pancadas de chuva têm causado muitos estragos: árvores caídas pelas ruas, bairros alagados e trânsito caótico, transformando a vida das pessoas ainda mais estressante.
Claro que tragédias como essas estão acontecendo em toda parte do mundo. Quem não ficou sabendo dos incêndios em Los Angeles (EUA), que deixaram mais de cem mil pessoas sem residência? Sem contar as mortes provocadas pelo calor excessivo. A temperatura dos países está batendo recordes, ano após ano.
A relação entre água e aquecimento global é complexa e fundamental para entender os desafios ambientais da atualidade.
O aquecimento global afeta o ciclo da água de várias maneiras, causando impacto nos ecossistemas, na agricultura e na disponibilidade de recursos hídricos. A cada ano que passa, as consequências do efeito estufa têm ocorrido com mais força (às vezes de forma devastadora), como o aumento da evaporação e mudanças no ciclo da água que podem levar a eventos climáticos mais extremos, como secas severas e tempestades mais intensas. E, também, a redução da disponibilidade de água doce, o aumento do nível do mar, a ocorrência de eventos climáticos extremos (furacões, tempestades e chuvas torrenciais) e o impacto na qualidade da água (temperaturas mais altas favorecem a proliferação de algas tóxicas em lagos e rios).
A tendência é que esses efeitos se intensifiquem, caso os líderes locais e mundiais não desenvolvam planos de ação urgentes para a redução do efeito estufa. Medidas como o reflorestamento, a diminuição de emissões de gases na camada de ozônio e o planejamento urbano sustentável são essenciais para mitigar esses impactos. Até quando as autoridades vão dar as costas para a questão das mudanças climáticas? Quantas vidas ainda serão sacrificadas para que sejam implantadas ações concretas que considerem todas as espécies que habitam a Terra? Se continuarmos nesse ritmo, seremos a próxima espécie a ser exterminada deste planeta.
Euseli dos Santos
Advogado em Uberaba/MG – OAB/MG 64.700; especialista em Direito do Trabalho; mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp); conselheiro estadual titular da OAB/MG triênio 2022-2024
Autor de obras jurídicas