Eles não gostam de atender telefone (e não atendem!) – preferem responder por mensagem de texto. Cresceram no mundo digital. Perdem horas conectados às redes sociais. Muitos não conseguem cumprir horário, lidar com a rotina, estabelecer relacionamentos presenciais e apresentam dificuldade em desenvolver habilidades de comunicação. Quem são eles? Apresento os jovens da geração Z (pessoas nascidas entre meados dos anos noventa e o início dos anos 2010).
E mais: são polêmicos e querem ditar as próprias regras. Não é por acaso que são tidos como arrogantes. Por estas e outras que um estudo recente identificou que muitos gestores estão evitando contratar pessoas da geração Z.
Falando assim, o mais lógico seria pensarmos que esses jovens poderiam ser uma espécie de persona non grata do mercado de trabalho, não é? Em parte, pode até haver um movimento querendo “vetar” a entrada desses profissionais nas empresas, mas a realidade é bem mais complexa do que todos os rótulos mencionados. Curiosamente, são eles que estão colocando em xeque os modelos praticados no mundo corporativo e iniciando um processo de transformação, que há tempos não acontecia.
Podem até ter má reputação, mas a verdade é que estão revolucionando o mercado corporativo. Esses jovens carregam em seu DNA uma combinação de talento e ideias inovadoras que podem renovar a força de trabalho. Ao contrário das gerações dos pais, que priorizavam estabilidade e segurança financeira, eles escolhem o emprego de acordo com o propósito e a cultura organizacional, ou seja, os valores da empresa precisam estar em sintonia com os pessoais. Além disso, querem estar em um ambiente mais inclusivo e diversificado, em que o respeito às diferenças seja uma prioridade.
Diferentes das gerações anteriores, eles reconhecem suas forças e “brigam” por melhores condições no trabalho. É por isso que não aceitam mais os formatos tradicionais, com líderes autoritários (às vezes abusivos) e pouca flexibilidade e autonomia, e reivindicam mais liberdade e independência, com o objetivo de alcançarem equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A pergunta chave para essa turma é: este trabalho faz sentido?. Se a resposta for não, seja ele ou ela não vai hesitar em abandonar o emprego e buscar outro que dialogue com a sua visão de mundo.
Em contrapartida, estão enfrentando alguns desafios nunca antes enfrentados pela humanidade. O principal é a instabilidade econômica pós-pandemia, o que vem ocasionando incertezas em relação a empregos estáveis e boas oportunidades de carreira. Há ainda o desafio de se adaptarem a um mercado altamente dinâmico, em que habilidades técnicas e digitais são fundamentais, e os sistemas de inteligência artificial representam uma ameaça constante na perenidade de muitas profissões. Outra demanda preocupante é a saúde mental dos jovens. Os índices de crises geradas por ansiedade, depressão e estresse são assustadores. E sem tratamento adequado, os resultados a médio e longo prazo podem ser desastrosos!
Essa geração veio para estabelecer novos formatos e dinâmicas nas relações de trabalho – e não adianta os mais velhos torcerem o nariz. Eles estão impulsionando mudanças significativas em uma realidade de mudanças rápidas e imprevisíveis. O futuro da nossa sociedade tem 26 anos ou menos… seja o que Deus quiser!