O Brasil é muito pródigo em adágios, frases feitas e expressões populares. Muitas delas realmente surgem do cotidiano, outras, porém, têm uma história que a maioria de nós desconhece.
Ruy Barbosa, nome de ruas e praças em diversas cidades brasileiras, proferiu a frase “A pressa é inimiga da perfeição” há mais de cem anos.
O baiano Ruy Barbosa de Oliveira nasceu em 1849 e morreu em 1923. Ele foi jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador; um polímata, sendo um dos maiores intelectuais do seu tempo.
A expressão “a pressa é inimiga da perfeição” surgiu numa crítica que ele fez em relação à redação do Código Civil, visto que a peça estava sendo redigida com uma pressa nunca antes vista. Ele temia seus efeitos futuros e estava certo.
Escolhido como representante brasileiro para a 2ª Conferência Internacional de Paz de Haia, na Holanda, ele acrescentou: “a pressa é também a mãe do tumulto e do erro”. A Conferência, que ocorreu em 1907, teve como objetivo aproximar as nações no tocante ao Direito Civil, diminuindo as diferenças entre os países, e evitar ou amenizar conflitos entre os países, inclusive armados.
O Embaixador Extraordinário Ruy Barbosa teve uma atuação exemplar, que foi decisiva na recusa da classificação das nações nos dois tribunais internacionais a serem criados entre outras situações, firmando o dogma da igualdade jurídica dos Estados. Fortes ou francos, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, o que estava em jogo eram a igualdade e a soberania. A participação de Rui na Conferência deu-lhe a reputação de defensor das pequenas potências.
Onze décadas depois, o mundo ignora as 24 horas do dia e nos impõe atividades e compromissos que desafiam o tempo. Queremos fazer tudo como se não houvesse amanhã e acabamos por adiantar o fim do jogo… e o pior, fazemos tudo com tanta pressa que a qualidade do que fazemos fica seriamente comprometida, reforçando a frase proferida há mais de cem anos:
A pressa é inimiga da perfeição!