ARTICULISTAS

O conforto e o comodismo

Fúlvio Ferreira
Publicado em 29/08/2024 às 18:49
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O varejo está sofrendo uma oxidação, uma corrosão e pouco tem notado. Ou se tem, está inerte, acreditando que o próprio tempo irá reverter essa situação.

Cerca de duas décadas atrás o comércio físico estava assustado, acreditando que ia acabar por conta do comércio eletrônico, por causa da internet. Os anos foram mostrando que havia espaço para todos, desde que nas lojas físicas houvesse competência, dedicação, preço e variedade, entre outros.

Porém, o tempo passou e muitas lojas e equipes ficaram paradas no tempo, ou seja, ficaram para trás. Não se atualizaram nas estruturas físicas, tampouco nos treinamentos e capacitações para os vendedores.

Em paralelo a isso, a geração Z cresceu, chegou ao mercado de trabalho e não aprendeu a ir até uma loja física para comprar, como se fazia no passado. Os “Zoomers” são altamente conectados, preocupados com o social e com o meio ambiente, mas também prezam pelo conforto e possuem certo comodismo. Aí, quando vão a uma loja, encontram dificuldades, porque se deparam, não raro, com um atendente também Z ou mesmo de outra geração, mas que não tem sintonia ou paciência para se conectar com a comunicação dele e efetivamente atender como ele, Z, espera ser atendido. O resultado é uma fuga e não lenta e não gradual para as compras via internet; que o digam as empresas de logística que diariamente batem às portas das casas para entregar produtos que são frutos de compras feitas pela internet.

Nesse cenário ainda temos outro ingrediente, os “boomers”, também conhecidos como “coroas”, que para se sentirem mais jovens e modernos, ou mesmo por comodidade, também têm feito muitas compras no mercado eletrônico. 

E o resultado é um varejo tradicional, de um lado, composto pelas grandes redes; por outro, pelos gigantes da internet, e no meio, o pequeno varejo físico apanhando dos dois lados e se fragilizando cada vez mais, com a séria ameaça de perecer.

É urgente a necessidade de amparo e ajuda, seja através de mudanças no trânsito e nas áreas públicas de estacionamento em cada cidade entre outras políticas, seja através de produtos e serviços oferecidos pelas Entidades de Classe, mas sempre contando com a vontade, por parte de todos que trabalham no varejo, de mudar, de evoluir e de se preparar para o novo; novo cliente, novas formas de comercialização e novas experiências.

Se isso não ocorrer, infelizmente o varejo tradicional corre o risco de virar apenas um ponto turístico e nada mais!

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