Em 1994, a Chevrolet apresentou um comercial icônico para o Monza.
Levaram um carro até o Pico do Corcovado, na cidade de Ubatuba, e lá desenvolveram o comercial em que a ideia principal versava sobre as qualidades do veículo, que estava isolado, longe dos seus concorrentes.
O Monza foi lançado em 1982 e experimentou um grande sucesso nos anos seguintes. Porém, a partir da década de 1990, o carro já não fazia tanto sucesso, pois ele envelheceu e foi ficando para trás à medida que novos veículos eram lançados, melhores e mais modernos.
A cidade de Uberaba já viveu melhores momentos. Já foi bela, limpa, segura e aconchegante; já foi a Princesa do Sertão.
Nos últimos anos, estamos vivendo de passado, lembrando o que já fomos e o que já tivemos. Recordando a importância no cenário estadual e nacional. Vendo fotos de inaugurações inesquecíveis, como a estrada de ferro, o asfaltamento da ligação Uberaba a Belo Horizonte, a Usina Hidrelétrica de Pai Joaquim, a Fosfertil, os Presidentes nas aberturas da Exposição de Gado e tantas outras.
Nos tempos passados, tínhamos importância capital, que foi aos poucos sendo diminuída. Escolhas ruins diminuíram a qualidade e a quantidade de representantes políticos. Após 200 anos, a cidade amarga a vergonha de possuir NENHUM deputado, seja no âmbito estadual, seja no federal. E a desculpa de que o uberabense não sabe votar “não cola”; basta ver a quantidade de lideranças, inclusive com mandatos, que apoiaram “candidatos de fora”. Seguimos exemplos!
Cabe agora confiar no protagonismo das Entidades de Classe e nas lideranças dos seus presidentes. É urgente que a CDL, Aciu, o Sindicomércio e todos os sindicatos, patronais e laborais, posicionem-se como nossos representantes. De igual forma, as Cooperativas, Associações de Classes de todas as categorias, Clubes de Serviços e outros mais. A nossa cidade possui a Sociedade Civil Organizada que capitaneia várias entidades ora citadas. A nós, povo, cabe humildemente pedir que as Entidades lutem por nós nas esferas maiores e confiar que o Legislativo e o Executivo municipais se mecham para tentar salvar o que ficou sem esquecer das autarquias e companhias que estão capengando.
A nossa prefeita, amiga de primeira hora do governador, ao menos aos olhos do povo “que trabalha e batalha pra ser mais feliz”, não recebeu nenhuma reciprocidade. Basta procurar pelas inaugurações dos equipamentos públicos estaduais, pelas reformas dos seus prédios e pelas estradas… Há construções do Estado de Minas paradas, como o prédio da Junta Comercial, próximo ao Uberabão, e a antiga sede da 5ª Região da Polícia Militar, na rua do Carmo, por exemplo.
A importância regional de Uberaba está minguando. As cidades de Frutal, Planura, Conceição das Alagoas e Água Comprida sofrem para vir para à nossa cidade por conta da estrada MG-427. Pirajuba está vendo o tão sonhado asfalto da MGC-455 se acabar.
De igual forma, Coromandel, Abadia dos Dourados, Douradoquara, Monte Carmelo, Romaria, Cascalho Rico, Iraí de Minas e Nova Ponte, cujo calvário se chama LMG-798; Santa Juliana e Perdizes. Para chegar em Uberaba, vindo de Patos de Minas e região, Patrocínio, Carmo do Paranaíba, Rio Paranaíba e Serra do Salitre, é preciso, para fugir dos buracos, enfrentar a colcha de retalhos chamada 262. E passar pela cidade do governador, Araxá; uma ironia… ou um propósito? Com tantas dificuldades, os moradores desses municípios vão, aos poucos, indo para outras cidades.
O fato é que a nossa cidade está sendo esquecida, ficando à margem de escolhas e decisões. A nossa importância está sendo diminuída e esvaziada. Diversos órgãos públicos já não têm mais representação em Uberaba.
Estamos, aos poucos, ficando ilhados. Ou, como no comercial do Monza, que, a exemplo de Uberaba, naquela época já representava uma nobreza quase falida, um veículo cujo sucesso já era passado.
Uberaba precisa de ações urgentes, sob pena de virar a capital do Velho Oeste.
Quanto ao Monza, ele saiu de linha dois anos depois…
Fulvio Ferreira
Uberabense (ainda) com orgulho!