Durante minha adolescência, era comum jogar Verdade ou Consequência
Durante minha adolescência, era comum jogar “Verdade ou Consequência”.
Este jogo, em linhas gerais, propunha que todos os participantes fizessem perguntas entre si cujas respostas deveriam ser verdadeiras, porque haveria consequências que puxariam a outras verdades e assim sucessivamente.
Nos últimos dias, o debate sobre o sistema de transporte urbano de ônibus de Uberaba, BRT Vetor, se acalorou. Comerciantes e moradores da região central apertaram o Poder Público, que não enxergou outra alternativa senão voltar atrás e anunciar que vai retirar os segregadores, chamados de tachões. Que também vai retirar alguns semáforos e alterar algumas passagens dos ônibus em rotatórias. E que as faixas que antes eram exclusivas dos ônibus serão compartilhadas com os carros.
A CDL e a Associação Comercial comemoraram a decisão. Elas lutaram pelos seus associados e também o fizeram pela cidade, uma vez que o comércio está para servir os clientes. Quantas e quantas vezes se ouve que o comércio de Uberaba é fraco etc etc. E transformar a avenida Leopoldino de Oliveira em apenas corredor de transporte seria uma forma capital de debilitá-lo.
Por outro lado, surgiram críticas ao Poder Público se referindo à falta de planejamento e ao desperdício de dinheiro público. Este, num momento, anuncia a modernização do sistema e que investiu tantos milhões; noutro momento, diz que os tachões não custaram tanto assim...
Lojistas também não foram poupados. A maior parte das avaliações foi negativa, afirmando que eles deveriam estar preparados para o novo e que essas mudanças já haviam sido anunciadas há mais de quatro anos.
Então, resta perguntar? As Entidades de Classe estavam erradas ao defender seus associados? A Prefeitura errou ao optar por um sistema moderno que privilegia a maioria? E os comerciantes, será que estão chorando de barriga cheia? Sob esse humilde prisma, afirmo que todos estão corretos em suas verdades, ainda que haja excessos. E que elas precisam ser revistas para que na prática ocorra o melhor para todos.
É hora, pois, de jogarmos com a verdade, porque senão as consequências poderão ser mais danosas ainda!
(*) Comerciante, palestrante e consultor em comércio varejista
fulvioferreirapalestrante.blogspot.com