A notícia chegou e causou um alvoroço em toda a região do Triângulo Mineiro no ano de 1949. Uma empresa de São Paulo recebeu autorização para implantação de uma grande fábrica de cimento, aproveitando a rocha de calcário da região, que se estende por vários municípios. A abertura de novos empregos e a ampliação do comércio da região eram as expectativas mais comentadas.
Quando se tomou conhecimento de que a área comprada pela empresa estava localizada parte no município de Uberaba e parte no município de Conquista, a euforia tomou conta dos uberabenses, conforme relata José Mousinho Teixeira, citando ainda que a disposição para esta empreitada era de responsabilidade da família Matos Barreto, os irmãos José e Francisco e outros familiares.
Cientes de que a região era rica em pedra calcária, conhecida pela extração e produção de cal virgem, e da potencialidade que estas terras poderiam oferecer e ainda visando a exploração da área para a produção de cimento, os irmãos Barreto contrataram estudos técnicos como sondagens e viabilidade econômica, por meio de uma empresa da Dinamarca, país mais preparado na produção de cimento Portland.
A área adquirida no município de Uberaba ficava localizava no Distrito de Ponte Alta e o local, a antiga Caieira Fantini, fundada em 1883, era propriedade de Flamínio Fantini, um emigrante italiano.
De conformidade com informação prestada por Gilberto Magnino, o local onde se ergueu a fábrica de cimento era de propriedade de seu pai, Arthur Magnino, e Arlindo de Carvalho.
Como a parte da fazenda comprada pela família Matos Barreto, no município de Conquista, era maior do que a parte de Uberaba, houve uma acirrada disputa pela conquista da preferência para a instalação da fábrica.
De um lado, representando Conquista, o coronel Tancredo França, incansável na batalha para que a fábrica de cimento fosse implantada em seu município. Uberaba acabou ganhando na preferência, por mostrar à diretoria da fábrica que a estrutura da cidade oferecia melhores condições.
Há que se registrar o empenho da Aciu – Associação Comercial e Industrial de Uberaba, sendo presidente o empresário Arlindo de Carvalho, tendo ao seu lado, na diretoria, João Guido, Lívio da Costa Pereira, Reynaldo de Melo Rezende, Durval Furtado Nunes, Geraldo de Oliveira, Rubens Dornfeld e, ainda, no Conselho Fiscal, Paulo José Derenusson, Mário Amaral e Bruno Martinelli.
O esforço dispendido pela Entidade não ficou restrito à apresentação das vantagens de Uberaba. Muitos obstáculos ainda teriam que ser superados para que o sonho se tornasse realidade. Um desses obstáculos era a questão da energia elétrica.
Não havia energia suficiente para atender à demanda de uma fábrica de grande porte. Novos estudos foram realizados através da empresa AEG, buscando um local onde se pudesse instalar uma usina hidrelétrica, recaindo a preferência em uma queda d’agua no rio Araguari, no local denominado Cachoeira dos Macacos. A própria AEG se encarregou da construção, que acabou sendo conhecida como a “Usina dos Macacos”, e, após concluí-la, instalou uma linha de transmissão até Ponte Alta.
Resolvida esta questão, veio a do transporte, que somente foi equacionada conforme relata José Mousinh “merece registrar que, em complemento à infraestrutura necessária ao empreendimento, foi construído um ramal ferroviário ligando a localidade de Ponte Alta aos trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, que, à época, trafegava com o ramal Uberaba/MG à cidade de Franca/SP”.
Relata ainda José Mousinho que, “na mesma oportunidade, os irmãos Barreto, por deferência à região onde deveria situar o empreendimento, liberaram dez por cento de subscrição do capital a ser integralizado pela Companhia de Cimento Ponte Alta a investidores das cidades de Conquista e de Uberaba.
Fontes: José Mousinho Teixeira; Gilberto Magnino; Vera Lúcia Dias; Jornal da Manhã; Arquivo Público de Uberaba; depoimentos diversos citados no texto.