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Sauro Bóscolo

Gilberto Rezende
Publicado em 22/10/2021 às 19:11Atualizado em 19/12/2022 às 01:34
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Ao descer pela avenida Santana Borges, bem ao seu final fica a entrada do 1º Distrito Industrial implantado em Uberaba. Esse local, como deve ser de conhecimento de todos, leva o nome de “Sauro Bóscolo”. Quem não teve a felicidade de conhecê-lo ou desconhece o que ele fez pela cidade vai ficar admirado com as razões desta homenagem.  

Sauro Bóscolo, nascido em Uberaba aos 22 de dezembro de 1921, é filho do imigrante italiano Sétimo Bóscolo, que chegou ao Brasil na década de 1910, e de Josephina Silvati Buchianeri, filha de cônsul italiano no Brasil. O casal teve ainda mais dois filhos, Nelson e Dora.  

Na década de 1940, os jovens irmãos Sauro e Nelson implantaram na cidade uma fábrica de bebidas refrigerantes. No passar dos anos, com o crescimento das famílias, os irmãos se separaram na década de 1950. Nelson, além de investir no setor imobiliário, continuou na administração da indústria.  

Para Sauro, entretanto, o destino reservou uma trajetória diferente. Seu pai, Sétimo Bóscolo, que sempre usava a via aérea para ir a São Paulo em tratamento de saúde, conheceu, em uma dessas viagens, um engenheiro da Companhia de Força e Luz de Uberaba, Andiroba Barreto. Nessa oportunidade, o engenheiro manifestou interesse em construir na cidade uma fábrica de materiais elétricos. Enquanto escutava, Sétimo vislumbrou que uma indústria dessa natureza se enquadraria perfeitamente no perfil de seu filho Sauro. 

São essas as oportunidades às quais dizemos ser o encontro entre a pessoa certa, no lugar e hora certos. Feitas as tratativas, nasceu em 1959 a empresa Eletrotécnica, primeira fábrica de para-raios brasileira, que, em 2019, completou 60 anos de atividades. Uma grande ousadia em uma época em que a cidade tinha o seu projeto de desenvolvimento assentado no setor agropecuário. 

Por ser a única fábrica brasileira com avançada tecnologia, desenvolvendo produtos de alto padrão e sem similares no país, a indústria teve um rápido crescimento, obrigando sua transferência, de sua sede inicial na antiga avenida Brasil, hoje Fidélis Reis, para o Distrito Industrial I.  

Ganhando espaços no mercado internacional, parcerias foram firmadas com a Alemanha, Estados Unidos e toda a América. Produtos fabricados pela Eletrotécnica em Uberaba eram sinônimos de qualidade, motivando sua procura pelas grandes concessionárias do Brasil e do exterior.  

Quando os produtos subsidiados pela China começaram a entrar com força nesse mercado e se espalharam por todo o mundo, Sauro reestruturou sua empresa e criou, com seus filhos, novos empreendimentos para agregar valores e diversificar seus investimentos. 

Para coordenação de todas as atividades, criou-se a “holding” com a designação de Grupo AEL, que engloba as empresas Eletrotécnica, a Eletrocerâmica, comandada pelo Flavio; a Eletrometalúrgica e a Incel – Indústria Nacional de Componentes Elétricos –, sob o comando de Sauro Jr. Atualmente, o grupo produz isoladores, chaves elétricas e eletroferragens para postes. Foram criadas também a Agropecuária 7B e a Transportadora 7B, estas sob a administração do Sérgio. 

Apesar de a AEL não ser a maior organização brasileira do setor, ela é a mais completa. Fabrica tudo que existe em postes de iluminação, com exceção de lâmpadas e fios. Uma série desses equipamentos elétricos foi desenvolvida pela própria organização; uma demonstração da capacidade e do talento de seus administradores. 

A história da Aciu – Associação Comercial e Industrial de Uberaba, registra a presença de diversas gerações dos Bóscolos em seus quadros. A atuação de seus membros em diversas diretorias, iniciada pelo Sétimo Bóscolo em 1923 como um dos fundadores da Entidade, foi continuada pelos seus filhos Nelson e Sauro e, mais recentemente, pelos netos Nelson Jr. e Sérgio, demonstrando o espírito de associativismo da família Bóscolo.  

Em que se louve o trabalho de todos nesta entidade, Sérgio, filho de Sauro, eleito vice-presidente em 1996, destacou-se ao ser convocado a assumir o comando da Aciu em decorrência do falecimento de Antônio Carlos Guillaumon em pleno mandato. Sérgio deixou registrada a marca de trabalho da família, com suas inúmeras iniciativas vitoriosas na Entidade, durante sua gestão.

Sauro Bóscolo, casado com Dira de Oliveira, faleceu em 30 de junho de 2009, aos 87 anos, deixando oito filhos e dezessete netos.  

O Distrito Industrial I, que leva seu nome, é o local onde estão localizadas as seis empresas que ele criou. 

Deixou exemplos edificantes de trabalho e de amor à família. Deixou saudades para os seus familiares e para todos os seus amigos. 

Fontes: Aciu/Jornal da Manhã/Guido Bilharinho/Sérgio Bóscolo

Gilberto de Andrade Rezende - Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM); ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra

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