Livrarias
A partir de 1901, contou a cidade com dinâmica editora e livraria, a livraria Século XX – editora, de Arédio de Sousa, que, como editora, entre inúmeras obras, prosseguiu com a publicação do Almanaque Uberabense, sob a direção de Diocleciano Vieira e Arédio de Sousa, anuário com mais de trezentas páginas e distribuição nacional. Como livraria, com loja na então praça da Matriz, nº 02, apresentou criteriosa comercialização de livros.
Além da Século XX, salientaram-se nas primeiras décadas do século, entre outras, as livrarias Universal (rua Arthur Machado nº 02, vinda do século anterior), Popular (rua Arthur Machado) e Guimarães (rua Arthur Machado, 5-A).
Da década de 1930 em diante, destacaram-se, entre possíveis outras, as livrarias São Bento (rua Vigário Silva, 26), São Domingos (rua Arthur Machado, 75) e Católica (rua Segismundo Mendes, esquina com Lauro Borges).
Atividades Diversas
Em 1909, foi criada pela Lei municipal nº 231 a Biblioteca Pública Bernardo Guimarães, com o acervo doado à Câmara pelo Grêmio Literário Bernardo Guimarães, extinto nesse ano.
Em julho de 1920, Coelho Neto pronunciou conferência no Cine Politeama sobre o tema “O Espelho”. Em 1937, Uberaba foi visitada por Monteiro Lobato em sua campanha pela exploração do petróleo, proferindo conferência sobre o tema no Cine Teatro São Luís.
Em 1947 o cientista Llewellyn Ivor Price iniciou suas pesquisas paleontológicas no município.
Referências a Uberaba na Literatura Brasileira
No período, Uberaba mereceu referências em inúmeras obras literárias: romance O Garimpeiro (1872), de Bernardo Guimarães, que passou sua infância em Uberaba, sendo seu pai vereador na primeira legislatura da então vila; conto “Os Curiangos” de Os Caboclos (1920), de Valdomiro Silveira; capítulo “O Aguaceiro” do romance Vida Ociosa (1920), obra-prima de Godofredo Rangel; conto “Barba Azul” do livro Negrinha (1920), de Monteiro Lobato; romance Os Condenados (1922), de Oswald de Andrade; capítulo 61 de Memórias Sentimentais de João Miramar (1924), do mesmo autor; conto “O Burrinho Pedrês” de Sagarana (1946), de Guimarães Rosa; poema “Cataguases” (1928), de Ascânio Lopes.
Publicado, ainda em 1920, o livro Dias de Guerra e de Sertão, do visconde de Taunay, contendo diversos de seus escritos de 1865, em que relatou sua estada em Uberaba à semelhança do que fez em outras obras sobre o assunto. De igual modo, em seu livro Visões do Sertão (1923), Taunay fez referências a Uberaba.
Autores e Livros
Expressivo grupo de intelectuais exerceu suas atividades, nessa primeira metade do século, na imprensa, cátedra, tribuna, parlamento, livros, música e pintura, citando-se, entre eles, Hildebrando Pontes, Gabriel Toti e José Mendonça, principalmente historiadores (sendo o primeiro autor de mais de trinta obras, entre elas a monumental História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, terminada no início dos anos 30, e a História do Futebol em Uberaba, de 1922, uma das primeiras histórias do futebol escrita no Brasil), Quintiliano Jardim, João Teixeira Álvares, Alaor Prata, Odorico Costa, Moisés Santana, João Camelo, Alexandre Barbosa, Fidélis Reis, José Maria dos Reis, Leopoldino de Oliveira, José Avelino, Paulo Rosa, Boulanger Pucci, Orlando Ferreira (o Doca), Lauro Fontoura, Santino Gomes de Matos, Vítor de Carvalho Ramos, Ari de Oliveira, João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Ariosto Palombo (João de Minas), Lúcio Mendonça, dom Alexandre Gonçalves Amaral (orador sacro e teólogo) e, ainda, além dos citados Rigoletto de Martino, Renato Frateschi, João Vilaça Júnior e Alberto Frateschi e outros, também Loreto Conti e Elviro Nascimento, compositores e maestros.
No decorrer das primeiras cinco décadas do século XX, publicaram-se menos livros de autores uberabenses do que, por exemplo, os editados na década de 1990. Contudo, mesmo assim, inúmeras obras foram lançadas.
A respeito da demanda iniciada em 1909 entre a Fábrica da Matriz e a Câmara Municipal em torno da propriedade da área urbana de Uberaba foram lançados pelo menos quatro livros: Alegações Finais da Fábrica da Matriz (1910), de Felício Buarque; A Estrada do Anhanguera (1911), de Alexandre de Sousa Barbosa e Silvério José Bernardes; Razões da Apelação (1911), de Antônio Garcia Adjuto, e Ação de Reivindicação (1911), de Antônio Cesário (major Cesário).