Em 1850, Antônio Borges Sampaio, um dos responsáveis pela elevação da então vila (categoria obtida em 1836) a cidade (ocorrida em 1856), iniciou sua correspondência sobre Uberaba e região para, inicialmente, diversos jornais de Niterói e Rio de Janeiro e, de 1861 a 1908, quando faleceu, para o Jornal do Comércio, então o mais importante do país. Essa volumosa e criteriosa correspondência constitui, reunida, repositório informativo, histórico e cultural que raras cidades podem vangloriar-se de ter.
Na década de 1850, vieram para Uberaba, entre tantos outros, Manuel Garcia da Rosa Terra (1850, professor), Henrique Raimundo des Genettes (1853, médico, escritor), Fernando Vaz de Melo (engenheiro), Joaquim José de Oliveira Pena (1855, professor, futuro senador Pena), frei Eugênio Maria de Gênova (1856, missionário capuchinho e empreendedor), Leonel Teixeira Lomba (1857, professor e autor da conhecida gramática latina que levou seu nome).
Em 1853, foi criada a primeira escola pública de Ensino Primário para o sexo feminino.
Em 1854, Fernando Vaz de Melo fundou o primeiro estabelecimento de instrução secundária da ainda vila.
De 1850 a 1874, Henrique Raimundo des Genettes escreveu, em Uberaba, várias de suas obras literárias e científicas, entre as quais O Filho Pródigo e Alfredo, o Enjeitado (dramas), O Estalajadeiro (comédia), O Inconfidente (romance histórico), além de diversos ensaios de cunho científico.
Frei Eugênio, tão logo aqui chegado, além de suas pregações missionárias, iniciou a construção de vasto cemitério e do hospital da futura Santa Casa de Misericórdia.
Encerradas, em 1850, as atividades da banda dos Bernardes.
Em 1852, começou, porém, a ser formada por José Maria Nascimento a banda União Uberabense, de grande importância e influência na cidade, que durou até 1908. Até fins do século, foram fundadas, entre outras, de duração, todavia, efêmera, a Filarmônica, por José Teixeira de Santana, atuante de 1883 a 1887 e, nesse último ano, subsistindo até 1889, a Lira da Mocidade, por Luís de Carvalho.
As construções foram de estilo colonial – como a da igreja do Rosário, situada na parte baixa da atual avenida Presidente Vargas, com frente para a Arthur Machado, inaugurada em 1842, desapropriada pela resolução municipal nº 271, de 1914, e demolida em 1923 ou 1924, preservando-se, porém, até hoje, ampliado e remodelado algumas vezes, o prédio da igreja de Santa Rita, construído pelo solicitador Cândido Justiniano de Lira Gama e inaugurado em 1854. Por volta desse ano, teve início também o culto religioso na Matriz Nova, sita na futura praça Rui Barbosa, cuja construção começou no final da década de 1820, prédio inteiramente remodelado em 1900.
Segundo informou Gabriel Toti (Álbum de Uberaba, de 1956, p. 41), em 1856 foi lançado o jornal manuscrito O Suspiro.
Fechada a escola secundária aberta por Fernando Vaz de Melo, des Genettes fundou em 1859 o segundo estabelecimento de instrução secundária de Uberaba, que funcionou, entretanto, apenas um ano e alguns meses.
Em 1862, foi fundada por João Pedro de Antióquia Barbosa, Antônio Cesário da Silva e Oliveira Filho (futuro major Cesário) e outros a Companhia Dramática Uberabense para a construção de teatro, inaugurado em 1864 na atual praça Rui Barbosa (onde, até 2008, funcionou o Cine Teatro São Luís) com a representação do drama Os Dois Renegados, de José da Silva Mendes Leal Júnior (considerado o primeiro drama do romantismo português), e da comédia A Feira de Sorocaba, de Francisco Luís de Abreu Medeiros (1820-1890).
O teatro foi denominado, quinze anos depois, de São Luís em homenagem ao industrial e comerciante Luís Soares Pinheiro, por apoiar sua recuperação e remodelação. Em 1863, foi representada em local improvisado a peça Colégio de Dona Abelha, de Antônio Cesário Sênior, e, em 1865, a peça Inês de Castro, oferecida à oficialidade da Força Expedicionária Brasileira aqui estacionada e em preparativos para a invasão do norte do Paraguai. Depois de fechado por incidente havido nessa encenação, o teatro somente foi reaberto em 1871, por iniciativa de des Genettes, que nele encenou nesse ano sua peça O Filho Pródigo.
Compondo a Força Expedicionária, permaneceu com ela em Uberaba por quase dois meses o então tenente do corpo de engenharia, o futuro visconde de Taunay, que conviveu com intelectuais da cidade, especialmente Antônio Cesário Filho e des Genettes, e onde tomou conhecimento da tragédia que comporia seu romance Inocência, lançado no Rio de Janeiro em 1872, no qual a única personagem que mantém seu próprio nome é o major Cesário, padrinho de Inocência.
Lançado também nesse mesmo ano de 1872 o romance O Garimpeiro, de Bernardo Guimarães, no qual há referências a Uberaba. Por sua vez, a ação romanesca de A Filha do Fazendeiro (incluída no livro História e Tradições da Província de Minas Gerais), novela de Bernardo Guimarães, transcorre no município de Uberaba.
Digna de nota, também, a tradição que se estabeleceu, desde a década de 1850, de observações e estudos climatológicos e meteorológicos, inaugurados por des Genettes, conforme testemunho do visconde de Taunay (Memórias, p. 183), concomitantemente desenvolvidos também por frei Eugênio, prosseguidos por frei Germano d’Annecy a partir de 1879, Antônio Borges Sampaio, de fins da década de 1870 até 1896, e Frederico Maurício Draenert, de 1897 a 1900, publicando este último três trabalhos sobre o assunto, entre eles o considerado melhor e mais completo estudo existente sobre o clima subtropical, O Tempo em Uberaba (1903). Daí em diante, sucederam-se outros especialistas, dando-se continuidade a tais observações.
Em 1873, Antônio Cesário Filho (major Cesário) elaborou duas de suas obras: Subsídios Para a História dos Municípios de Uberaba, Prata e Monte Alegre e Gramática Musical.
Por essa época, Joaquim Antônio Gomes da Silva Júnior (o comendador Gomes, cuja cidade leva esse nome em sua homenagem), advogado, professor e diretor da Escola Normal de Uberaba, transferindo-se posteriormente para Frutal, escrevendo os romances A Flor do Martírio e Iva, a Cabocla e a comédia A Homeopatia.
Um dos pioneiros da fotografia no Brasil, José Severino Soares, nascido em Sorocaba/SP, e residente em Uberaba, onde faleceu em 1917, foi premiado, em 1875, em Exposição Nacional realizada no Rio de Janeiro.