No início da década de 1890, o médico João Teixeira Álvares, que iria se mudar para Uberaba em 1899 e aqui clinicar e escrever suas obras, inventou o embriótomo para solução de certos tipos de partos, submetendo-o à Sociedade Obstétrica da França, que o aprovou.
Em 1890, o pintor uberabense Cândido de Cássia e Oliveira, ainda quando aluno de Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, obteve duas medalhas de ouro e uma de prata em exposições de pintura.
Em 1892, passou por Uberaba a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil encarregada de demarcar a área destinada à futura capital do país, chefiada pelo astrônomo belga Luís Cruls e composta por, entre outros, o astrônomo Oliveira Lacaille, visitando ambos o observatório meteorológico mantido por Borges Sampaio, ao qual forneceram valiosas informações e orientações.
Em janeiro de 1893, Teófilo de Godói, comissionado por fazendeiros uberabenses, partiu para a Índia em busca de zebus, ao fim da viagem, que durou um ano, trouxe treze reses adultas e dois bezerros, escrevendo o ensaio Do Brasil à Índia, no qual relatou pormenores de sua viagem.
Em 1894, foi fundada por Leschaud & Cia. no nº 02 da então rua do Comércio (atual Arthur Machado) a livraria Universal para comercialização de livros de literatura, medicina, direito, religião, maçônicos e espíritas, além de livros escolares, papel em resma e até sementes, brinquedos para crianças, violões, flautas, baralhos. “Enfim tudo o que se pode desejar, pelos preços das praças do Rio de Janeiro e S. Paulo”, conforme anúncio de 1902.
Nessa época, foram escritas e encenadas com êxito, consoante Hildebrando Pontes, diversas revistas teatrais sobre pessoas e acontecimentos uberabenses, como Princesa do Sertão, de Joaquim Gasparino, e Fatos Modernos, de Manuel Freire e Domingos Machado.
Em 1895, foi editado o primeiro número do Almanaque Uberabense por Diocleciano Vieira e Artur Costa, impresso no Rio de Janeiro.
Em 1896, d. Eduardo Duarte da Silva, bispo de Goiás, transferiu a sede de sua diocese para Uberaba, trazendo também o seminário episcopal com seus mestres e alunos.
Em 1896, é publicado na Revista do Arquivo Público Mineiro (Ano I, nº 2) o ensaio História Topográfica da Frequesia do Uberaba, Vulgo Farinha Podre, do vigário Silva, escrito por volta de 1826 e que, ao que tudo indica, permaneceu inédito no decorrer de todo esse tempo.
Ainda em 1896 é iniciada a edição do Jornal de Uberaba, o segundo com essa denominação, sob a direção do cônego Aurélio Elias de Sousa, tendo como articulistas e redatores políticos Antônio Pereira Artiaga, Antônio Garcia Adjuto, Antônio Borges Sampaio, Ernesto de Carvalho e Alexandre Barbosa. No ano seguinte, esse jornal é adquirido pelos frades dominicanos, passando a se denominar Correio Católico.
Em 1898, após o assassínio, em Mato Grosso, do presidente da associação teatral, João Teodoro Gonçalves de Oliveira, o teatro São Luís foi entregue à Câmara Municipal.
O Colégio Nossa Senhora das Dores, que iniciara suas atividades em 1885 com seis alunas, em 1899 tem 254 alunas, oriundas de Uberaba e de inúmeras cidades da região, desde Batatais e Barretos, no Estado de São Paulo, a Morrinhos, em Goiás.
Ainda em fins do século XIX atuou na cidade importante grupo de intelectuais, entre os quais Frederico Maurício Draenert, sábio alemão, diretor do Instituto Zootécnico de Uberaba, descobridor da existência das bactérias no reino vegetal, um dos precursores do ensino agrícola superior no país e pioneiro dos estudos climatológicos no Brasil; Crispiniano Tavares, provavelmente o primeiro contista de todo o Brasil Central a publicar livro (Contos Inéditos, pela livraria e editora Século XX); Artur Lobo, conhecido romancista e poeta; destacando-se, ainda, na imprensa e/ou na cátedra, Militino Pinto de Carvalho, Tobias Rosa, Atanásio Saltão, monsenhor Inácio Xavier da Silva, Pereira de Artiaga, Alexandre Barbosa, Egídio de Assis Andrade, Elisiário de Vasconcelos, Antônio Garcia Adjuto, Desidério Ferreira de Melo, Filipe Aché (futuro fundador dos laboratórios Aché e que transferiu sua residência de Ribeirão Preto para Uberaba em 20 de novembro de 1898, onde clinicou, foi vereador e agente executivo), Felício Buarque, além dos já anteriormente citados Arédio de Sousa e a figura ímpar e invulgar de Antônio Borges Sampaio, um dos maiores senão o maior benfeitor de Uberaba entre todos os que contribuíram para o crescimento e engrandecimento da cidade e, em igual proporção, o mais esquecido pelos órgãos públicos, associações culturais, instituições de ensino e entidades estudantis. Alguns desses intelectuais prosseguiram suas atividades no decorrer das primeiras décadas do século XX.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)