No decorrer dos primeiros cinquenta anos do século XX continuaram a surgir inúmeras associações culturais e um sem número de periódicos, estes, todavia, deixando de circular com a mesma rapidez com que apareceram.
Cinema
Em abril de 1900 ocorreu no teatro São Luís a primeira sessão cinematográfica pública na cidade, não ainda de filmes, mas, de “quadros”, promovida pelo fotógrafo itinerante paulista Rizzo com utilização de dínamo portátil, já que a cidade ainda não era servida de energia elétrica.
Em abril de 1902 foi exibido, pela primeira vez, filme com enredo completo, A Vida de Joana d’Arc.
Nessa primeira metade do século foram fundados os cinemas Paris Teatro (1910), Triângulo (1910), Pathé (1912), Uberaba Cinema (1913), Politeama (1917), Cinema do Círculo Católico (1917), Recreativa (1923), Capitólio (1925, posterior Roial), Alhambra (1928), São José (1929), São Luís (1931), Metrópole (1941) e Vera-Cruz (1949).
Em março de 1930 no cine Alhambra realizou-se a primeira sessão do cinema falado em Uberaba.
Em 1944 iniciaram-se no cine Metrópole, aos domingos, antes da sessão cinematográfica vesperal, as matinês dançantes, que duraram dez anos, animadas por conjunto musical regido pelo compositor e maestro João Vilaça Júnior.
Música
Na música, em 1905, foi fundada por músicos dissidentes da União Uberabense, sob a direção e regência do maestro Abdias Ribeiro dos Santos, a banda Santa Cecília, em atividade até princípios de 1909, quando foi desfeita. Em 1910 Rigoletto de Martino fundou a Corporação Musical Ítalo-Brasileira, que durou até 1936. De 1910 em diante, Renato Frateschi fundou e/ou dirigiu diversas orquestras que se apresentavam, principalmente, em cinemas. Em 1911 organizou a orquestra com coros de vozes para a Catedral, que se manteve atuante até 1925. Ainda em 1911 o maestro Benedito do Nascimento fundou a banda União Carlos Gomes. Em 1949, Renato Frateschi e seu filho, maestro Alberto Frateschi, fundaram o Conservatório Musical de Uberaba, existente até hoje com a denominação de Conservatório Estadual de Música Renato Frateschi. Nesse período, João Vilaça Júnior também organizou orquestra, em atividade por muitos anos.
Em 1918 Rigoletto de Martino compôs a Marcha do Uberaba Sport, com letra de Lourival Balbuíno do Carmo (o Barão). Em 1932 foi elaborada por Lúcio Mendonça de Azevedo a letra da mazurca Eh, Vida Marvada!, posteriormente musicada por Almirante, obtendo grande sucesso em todo o país.
Em 1936 ocorreu a primeira audição do Hino de Uberaba, composto por Gabriel Toti com letra do jornalista Ari de Oliveira. Em julho de 1941 apresentou-se no cine Metrópole o célebre tenor italiano Tito Schipa.
Na seresta destacaram-se os grupos Os Batutas, surgido em 1920, e Os Seresteiros, organizado na década de 1940. Na catira, música e dança de grande tradição no município, foi formado, no princípio dos anos de 1940, o grupo da Catira dos Borges.
Em 1934 foi fundada a escola de samba Bambas do Fabrício. Em torno de 1938 foi formado o terno de congada Carijós por Nivaldo Severino Vieira e Domingos Prudêncio. Em abril de 1949 organizou-se o terno de congada Batalhão do Norte, conhecido por “terno da Sainha”, por Olício Francisco Vieira.
Arquitetura
No período destacou-se grande número de construtores, os conhecidos mestres-de-obras, ao mesmo tempo construtores, arquitetos, engenheiros, calculistas, etc., entre os quais, além de outros, André Fernandes, Santos Guido, Miguel Laterza, José Ciriani, Luigi Dorça, Eugênio Pitinelli, Eugênio Borelli, Conrado del Papa, Alexandre Capelacci de Gusberti, Domingos de Vito, Egídio Betti Monsagratti e Manuel Barcala Bergero.
Em 1904 foi inaugurada pelos frades dominicanos a monumental igreja de São Domingos, em estilo gótico.
Merecem destaque os pavilhões da célebre Exposição de Zebu de 1911 projetados e executados por Francisco Palmério, pai de Mário Palmério, construídos de madeira e pano, “uns lembrando construções da Idade Média. Outros, O Extremo Oriente. Outros, o Oriente Médio. Telhados com agulhas góticas”, como assinalou Jorge Alberto Nabut (“Os Fantásticos Pavilhões da Exposição de Uberaba”, Convergência, Ano VII, nº 08, 1977).
Nos anos seguintes foram construídos e inaugurados vários prédios de grande significado para a cidade. Em janeiro de 1915, o Asilo Santo Antônio, na praça Tomás Ulhoa; em julho de 1916, o edifício do Fórum na rua Lauro Borges, demolido em fins da década de 1960; em dezembro de 1917, a Penitenciária nos fundos da atual praça Manuel Terra, transferido nos meados da década de 1950 para a faculdade de Medicina; em julho de 1920, o atual prédio da Câmara Municipal na praça Rui Barbosa; em agosto de 1924, o Mercado Municipal na praça Manuel Terra; em novembro 1930, a Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, na praça Tomás Ulhoa; e em março de 1935, o atual prédio da Santa Casa de Misericórdia, na praça Tomás Ulhoa, posteriormente transferido para a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, atual UFTM.