Polêmica Maquinário/Maquinaria
Nesse mesmo ano de 1962, com grande repercussão no meio intelectual e estudantil local, desenvolveu-se por vários meses, a partir de março, a célebre polêmica sobre Maquinário ou Maquinaria, travada entre d. Alexandre Gonçalves Amaral (pró-maquinário) e Santino Gomes de Matos (pró-maquinaria), cujos resultados foram, inclusive, utilizados para corroborar a posição sobre o tema de um dos maiores filólogos brasileiros, Aires da Mata Machado Filho, conforme seu artigo “Maquinaria” (Estado de Minas, Belo Horizonte, 12 outubro 1968).
Ensino
No ensino, registrou-se a fundação do Instituto Marcelino Champagnat, de formação marista (1962), e dos colégios São Judas Tadeu (1963, posterior Rubem Alves, pelos professores Raimundo Rodrigues Albuquerque, Minervino Cesarino, Orvando Ferreira da Cunha, Antônio Mendonça Bilharinho, Ocesano Ferreira da Cunha, César Vanucci e Ivo Martins) e Tiradentes (1963, pela Polícia Militar), São Benedito (1965, pelo professor Minervino Cesarino) e Jean Christophe (1968, pelas professoras Célia Lima Péres e Neusa Péres), da Faculdade de Ciências Econômicas e da Escola de Química e Agrimensura (ambas em 1966). Em 1963, deu-se a transformação do curso de Economia Doméstica Rural em colégio de Economia Rural Dr. Licurgo Leite. Em 1969, o Colégio Marista começou a admitir estudantes do sexo feminino.
Ciências
A partir de 1960, o médico Humberto Ferreira efetuou pesquisas sobre o tratamento da doença de Chagas, estabelecendo ainda nessa década a terapêutica da moléstia, logo aceita e difundida por todo o país.
Construído em Uberaba em 1962, pelo médico Luís Maurício de Araújo, rim artificial, “destinado a purificar o sangue de enfermo de uremia (isto é, paciente que não consiga eliminar através da urina todos os elementos tóxicos resultantes do metabolismo orgânico)” (jornal O Repórter, Uberlândia, 6 dezembro 1962).
Em 1967, o médico Renato da Cunha Oliveira passou a utilizar a diálise peritonial, importante inovação da prática médica.
Teatro
Editado no Rio de Janeiro em 1960 o livro O Teatro no Brasil, de J. Galante de Sousa, que registrou em verbetes específicos a obra dos dramaturgos uberabenses João José Frederico Ludovice e João Teixeira Álvares.
Nas atividades teatrais, além da apresentação em 1961 da atriz Cacilda Becker na peça Em Moeda Corrente do País, de Abílio Pereira de Almeida, a década foi fortemente marcada por dois atuantes grupos, o Núcleo Artístico de Teatro Amador (NATA, de 1963) e o Teatro Experimental de Uberaba (TEU, de 1965), que encenaram inúmeras peças.
Pelo primeiro, sobressaíram À Margem da Vida, de Tennessee Williams, apresentada no Uberaba Tênis Clube; História do Zoológico, de Edward Albee, e Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, todas dirigidas por Deusedino Martins, também dirigente do grupo, e, ainda, Um Pedido de Casamento, de Tchekhov, e A Lição, de Ionesco, ambas dirigidas por João Antônio Lima Esteves.
Pelo TEU, distinguiu-se A Visita, de Dürrenmatt, dirigida por Maurilo Cunha Campos de Morais e Castro, encenada na Associação Esportiva e Cultural.
Além de A Visita, destacaram-se no TEU as encenações de Toda Donzela Tem Um Pai Que é Uma Fera, de Gláucio Gil, e O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, ambas dirigidas por Paulo Silva, que seria, posteriormente, vereador e presidente da Câmara.
Salientaram, nesses grupos, como organizadores, animadores e orientadores, Deusedino, no NATA, e Maurilo, no TEU.
Em 1969, o ator e diretor Aldo Roberto iniciou suas atividades teatrais, fundando o Teatro de Grupo, especializado em peças infantis, encenando a peça Chaupezinho Vermelho, de Paulo Magalhães.
Em dezembro de 1964, aconteceu o primeiro recital de declamação promovido pelo recém-criado Jograis do Nata, sob a direção de Deusedino Martins, apresentando poemas de Leonardo Smeele, Válter Campos de Carvalho e dos integrantes do Nata, Márcio Palis Horta e José Haroldo de Lima, além de textos de diversos poetas modernistas brasileiros.
Em outubro de 1968, foi organizado por Jorge Henrique Prata Soares o I Festival Chapadão de Teatro, com participação de grupos teatrais de cidades de Minas, São Paulo e Brasília, sendo escolhido Deusedino Martins como melhor diretor, por seu desempenho na História do Zoológico, e a peça O Urso, de Tchekhov, apresentada pelo Teatro Universitário de Brasília e dirigida por Getúlio Alho, como o melhor espetáculo.
Nessa década, José Sexto Batista de Andrade, presidente do Banco do Triângulo e então vice-presidente do Jockey Club, promoveu inúmeras atividades teatrais e culturais no recinto do clube, com ampla receptividade e influência na cidade.
