Nos meados do mês de abril de 2020, o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, interpelou o então presidente Trump sobre o número de vezes que a China entrou em guerra. Nenhuma, enquanto os EUA o fizeram várias vezes, estando constantemente em guerra para manter sua hegemonia econômica mundial.
Ao invés de gastar bilhões com armamentos e guerras, a China, afirma Carter, investe seus “recursos em projetos de infraestrutura, ferrovias intercontinentais de alta velocidade, transportes transoceânicos, tecnologia 6G, inteligência robótica, universidades, hospitais, portos e edifícios em vez de usá-los em despesas militares [...] Nós desperdiçamos US$300 bilhões em despesas militares para submeter países que procuravam sair da nossa hegemonia. A China não desperdiçou um centavo em guerra e é por isso que nos ultrapassou em quase todas as áreas”.
Dificilmente alguém poderia ser mais preciso e exato.
Além dos desvios pelos EUA do erário público, para a destruição armamentista e da acertada política chinesa de aplicação desses recursos em infraestrutura e avanços tecnológicos – cruciais no mundo moderno – ressalta-se, nas sábias ponderações de Carter, a acusação de que o poderio bélico estadunidense é destinado à submeter os demais países.
Carter, do alto de sua autoridade de honrado ex-presidente os EUA, não é o primeiro grande líder ianque a efetuar tal acusação. O ex-presidente Eisenhower, marechal e comandante supremo das forças aliadas ocidentais na 2ª Guerra Mundial, denunciou frontalmente o estamento industrial-militar de seu país.
Importante, ainda, no texto de Carter, é sua referência de que o declínio dos EUA se deve a seus gastos militares. Todavia, não só. O declínio do império estadunidense – como o de Roma e da Grã-Bretanha, por exemplo – resulta de complexo de contradições e fatores endógenos, um dos quais, sem dúvida, são os exorbitantes gastos militares para manutenção e ampliação contínua da enorme máquina militar, inútil do ponto de vista das necessidades e progresso da humanidade.
Em consequência, como até ex-presidentes dos EUA advertem – um deles consagrado militar – os gastos militares constituem desvio da finalidade de promoção do bem-estar e do progresso da humanidade e ampliação e aperfeiçoamento dos instrumentos indispensáveis a esse desiderato, o único moralmente aceitável e propugnável.