Toda cidade, por menor que seja, mas, principalmente, das médias para cima, necessita de constituir, ter e pôr em prática eficaz plano estratégico de desenvolvimento.
Tal plano deve partir, como nem poderia deixar de ser, da inserção geográfica da localidade e das possibilidades concretas de toda a região circundante.
Sobre essa base deve-se erguer consistente, objetivo e científico planejamento de seu desenvolvimento com indicações precisas tanto dos pontos de estrangulamento quanto dos propiciatórios e dos meios de vencer uns e explorar outros.
Sem essa visão global do município e da larga região à sua volta, não será possível implementarem-se as medidas ideais ou, pelo menos, as mais apropriadas e eficientes para seu progresso.
A consequência dessa limitação é a adoção rotineira e medíocre de medidas tópicas, às vezes até contraditórias e opostas entre si, que apenas atendem, quando atendem, a crescimento vegetativo ou, quando pouco melhor, ainda muito aquém dos recursos locais e regionais.
Não se conhecer e, em consequência, não se aproveitar esses fatores constitui a maior falha, não só dos órgãos públicos como das lideranças comunitárias de todos os segmentos da sociedade sem exceção, já que todos, o público e o privado, são corresponsáveis por tudo que acontece e, no caso, principalmente pelo que não acontece no município e na região.
Não bastam, pois, os esforços isolados ou, quando em conjunto, apenas improvisados, aleatórios e unilaterais. A complexidade cada vez maior da sociedade e a ação e atuação de outras cidades concorrentes exigem e reclamam, já com certa insistência e urgência, que se saia do marasmo habitual, não deixando que o progresso e a solução ou, pelo menos, a minimização ou atenuação dos problemas sejam frutos de medidas circunstanciais e fortuitas.
À semelhança de um projeto de engenharia, o desenvolvimento exige que seja detalhado e previsto em todos seus pormenores e implicações, com ênfase no estudo e conhecimento das dificuldades e obstáculos que se lhe opõem, sejam endógenos (internos) ou exógenos (externos).
Cidades inseridas em regiões privilegiadas, mas geralmente colocadas no centro (no caso, verdadeiro epicentro) de fortes e dinâmicos centros polarizadores, necessitam que, acima das divergências partidárias, grupais, familiares e até individuais - aliás, esse pluralismo, ao contrário do que se possa pensar, é positivo, mesmo porque, como constatado por um filósofo, não existem duas pessoas que pensem do mesmo modo - organize-se plano estratégico de desenvolvimento que, ao fim e ao cabo, será benéfico a todos, mesmo e principalmente àqueles que só têm olhos para seu próprio umbigo e que, por isso, justamente, nem atinam para as possibilidades que lhes podem ser abertas e que, na hipótese aventada, certamente o serão.
Necessário pois, que todos se sentem à mesma mesa com iguais propósitos, sem prejuízo, evidentemente, de seus legítimos interesses, necessidades e pretensões, para que se construa, sobre o eixo de um denominador comum - que existe - planejado e sustentado desenvolvimento, útil (e necessário) para a comunidade. E todos, em conjunto e cada um em particular, são responsáveis e devem ser cobrados por isso, quer se queira quer não, notadamente as entidades classistas de empregados e empregadores e de segmentos profissionais, órgãos públicos, diretórios partidários de âmbito municipal, universidades, estabelecimentos de ensino em geral e a mídia.
Tal plano não se confunde nem se limita aos planos diretores exigidos por lei, excedendo e suplantando-os, em que se incluem executivos e legislativos municipais e todas as classes e redes empresariais, educacionais, etc. Enfim, toda a população do município individual, coletiva e organizacionalmente considerada.
