Leitor amigo, a partir de hoje, uma personagem fará parte de nossas histórias. Ela se chama Maria. Aos poucos iremos relatando suas vivências. No sábado de carnaval (01/03/2025), Maria conheceu João Pessoa, capital da Paraíba, afirmando que vale a pena pertencer ao país chamado Brasil.
Pensativa, entre uma e outra lembrança, conversando consigo mesma, Maria fez a leitura de que “Um dos passos para o autoamor consiste em despir a alma. Amor próprio é a base para amar o próximo. Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Nesse sentido, cabe a cada um de nós ter ou não os predicados como valor, dignidade e propósito”.
Maria se recorda dos oito dias que se passaram rapidamente, como se fossem apenas oito minutos. Nesses dias, ela se questionou sobre os relacionamentos e as circunstâncias; como se enxergou, se acordou com esperança e se admirou a forma como Deus a criou. Muitas vezes, sentiu o embaraço tomar conta dos seus pensamentos e buscou forças para desconstruir sentimentos negativos que ainda a assombravam.
Os acontecimentos fizeram com que sua sensação fosse diferente do até então vivido: se antes ficava exausta, hoje apenas pensativa; se ontem dava escândalo, agora era silenciosa; já não queria dar a última palavra nem se anestesiava mais com gritos ou palavrões. Parou e observou: faltava-lhe a aceitação e o autoamor.
Maria respira fundo e continua a leitura: “A consciência do que somos é construída todos os dias com atitudes e escolhas. Não há só qualidades e imperfeições, incondicionalmente há o amor de Deus. A tarefa é cuidar do corpo, da alma e do espírito. Honrar o corpo impõe saúde física e alimentação equilibrada. Cuidar da saúde de forma integral é entender que o corpo é uma vestimenta”.
Maria refletiu sobre o que busca atualmente, se seu comportamento é verdadeiro e se tem atitudes nobres. Concluiu que nem sempre agiu de forma correta, pura, amável e digna de amor. Ao exercer a amizade, muitas vezes venceu obstáculos e entendeu que dessa vez agiu diferente. Agora a barreira a ser ultrapassada pode ser chamada de limite saudável, sendo esse limite que traz o amor próprio.
Maria teve a noção de que não deveria forçar ninguém a receber, seja o que for; nisso residia o equilíbrio emocional. Durante a infância e juventude, trabalhou muito a ansiedade. Ela descobriu que, mesmo agindo de forma solidária, não deveria insistir em ajudar alguém que não quer ser ajudado. E, refletindo, compreendeu que até para auxiliar se deve perguntar ao outro se aceita a ajuda e, para que se evite exploração e abuso, é preciso estabelecer um limite saudável no relacionamento.
Ultimamente, Maria pedia a Deus sabedoria, compaixão, amor e empatia. Durante a viagem, teve a oportunidade de adquirir uma imagem de São Francisco de Assis, cuja oração ensina o caminho para a paz. Ela precisava de equilíbrio. Com a aquisição, permitiu-se sentir e voltou à leitura, que lhe expressou: “O caminho para o autoamor é aprender a amar como Jesus nos amou”.
E, durante o passeio, Maria, nas horinhas de folga, com deliciosas refeições, visualizando paisagens belíssimas e insofismáveis emoções, viu nascer o pôr do sol, na praia do Jacaré, ao som do “Bolero de Ravel”, ao lado das amigas. A emoção foi única.
Maria se referiu ao poeta pessoense Ariano Suassuna (1927-2014): “Eu divido a humanidade em duas metades: de um lado os que gostam de mim e concordam comigo. Do outro, os equivocados”. Maria sorriu. Foi assim que, brincando – ainda que muitos estejam equivocados, o silêncio estabelece um limite saudável para seguir em frente nas diversas relações –, ela se abriu para a vida, pois tudo tem seu tempo.
Heloisa Helena Valladares Ribeiro
Advogada e membro do IBDFAM
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