Julho amarelo
Com a chegada de julho, mês dedicado à conscientização sobre hepatites virais, é essencial destacar a importância da prevenção, da testagem, da vacinação e do tratamento adequado. Segundo a Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais – SES-MG, houve aumento no número de casos de hepatite C após a pandemia de Covid-19. Em 2023, foram registrados 1.095 casos. Em 2024, o número subiu para 1.241. A hepatite A também apresentou crescimento: os registros passaram de 38 casos, em 2023, para 211 em 2024, e 282 em 2025. Em Uberlândia, neste ano, já foram registrados 28 casos e outras três notificações estão sendo investigadas. Silenciosas e, algumas vezes, assintomáticas, as hepatites atingem milhares de pessoas todos os anos, muitas sem saber que estão contaminadas. Por isso, manter-se atento e informado é imprescindível.
Segundo o hepatologista da Hapvida, Allan Rêgo, os sintomas iniciais podem ser confundidos com viroses comuns. “Muitos casos apresentam sinais inespecíficos, como febre, dores no corpo e mal-estar. Mas icterícia (olho amarelo), colúria (urina escura), hipocolia fecal (fezes claras), além de dor abdominal, principalmente no lado direito do abdômen, que corresponde à região do fígado, são típicas das hepatites e devem ser levadas a sério”, alerta.
Entre os tipos de hepatite, a C desperta atenção pelas suas formas de transmissão, que ocorrem pelo contato com sangue contaminado, especialmente por meio do compartilhamento de instrumentos contratantes e perfurantes, como agulhas, seringas, alicates de unha e materiais para tatuagem.
Em paralelo, a hepatite A, associada à transmissão fecal-oral, afeta principalmente populações com acesso precário a saneamento básico. “É essencial manter os cuidados com a higiene das mãos e dos alimentos, especialmente em locais compartilhados”, orienta o hepatologista. Já a hepatite B é sexualmente transmissível e, também, passada de mãe para filho durante o parto, pelo contato com sangue infectado.
“A hepatite A é transmitida principalmente pelas fezes, e a transmissão pela saliva é pouco documentada. Já as hepatites B e C têm vias de contágio mais bem definidas, como a sexual e a sanguínea”, resume.
A vacinação também é ponto de atenção. É importante, nesse sentido, consultar as informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. “É preciso cumprir os protocolos vacinais de forma adequada para garantir a imunidade”, destaca.
Para pessoas que já tiveram contato com água potencialmente contaminada, especialmente em situações de enchentes ou alagamentos, é essencial verificar a imunidade contra a hepatite A. Segundo Allan Rêgo, hepatologista da Hapvida, em muitos casos a infecção pode ocorrer de forma assintomática, deixando o organismo naturalmente imune. No entanto, quem não possui essa proteção deve procurar a vacinação o quanto antes. “Outros eventos climáticos extremos podem ocorrer, aumentando o risco de exposição. A imunização é uma medida eficaz e preventiva que protege contra futuras contaminações”, reforça o especialista.
Assim, ampliar o acesso à informação, incentivar a testagem e reforçar a importância da vacinação são passos essenciais no enfrentamento às hepatites virais. “O Julho Amarelo precisa ir além da simbologia: deve ser um ponto de virada na conscientização e no cuidado com a saúde da população”, conclui.