Este dinamismo mutante do nosso tempo coloca novos valores e diferentes desafios. Nós, os responsáveis pela orientação modelar às novas e futuras gerações, precisamos conseguir uma leitura apropriada das necessidades atuais juntamente com a oferta de tudo que os prepare adequadamente. Outros países e culturas divulgam suas conquistas. Assim a Finlândia nos oferece sínteses admiráveis: “Mais do que acumular dados o aluno precisa aprender a aprender, porque a toda hora surge um conhecimento novo e relevante no planeta” (Andreas Schleicher) que um simples toque no mouse expõe na tela do computador à sua frente em toda sua complexidade. Os novos tempos exigem pensar, interpretar, criar e inovar.
Num mundo conectado, novos conhecimentos e novas tecnologias chegam a nós de minuto a minuto. O saber enciclopédico memorizado mostra-se desnecessário porque temos à disposição memória renovável, constante, abrangente e portátil, cabem-nos as habilidades de resiliência, adaptação funcional aos vários grupos de produção, facilidade comunicacional, abertura ao risco, e, sobretudo criatividade. Desde que tenhamos desenvolvido em nós estas competências saberemos estruturar as gerações seguintes de acordo com os mesmos modelos.
O ensino brasileiro se organiza na seleção por semelhança, na categorização programática, na sequência gradativa, na prática pedagógica da transmissão do conhecimento que se realiza no processo ensino/aprendizagem e posterior avaliação de conteúdo. No entanto, a realidade é multidisciplinar e a todo instante somos questionados por uma situação problema que abarca diversas áreas do conhecimento para ser elucidada, isto sem contar que, apesar da compartimentação de conteúdos, muitas vezes as diversas especialidades se sobrepõem num mesmo caso e não são raras as discussões acaloradas acontecerem numa tentativa de discriminar a qual área profissional se destina referido problema.
“Nas nossas escolas, a contradição é vista como uma derrota, quando deveria ser o primeiro passo rumo ao conhecimento real.” (Whitehead) O academicismo e a compartimentação dos campos do saber estão na base desta idiossincrasia que impede a construção do conhecimento em rede numa experiência de cooperação entre profissionais e saberes. A abertura ao diálogo acadêmico que se possibilitaria quando todos se dispusessem a trocar experiências - ouvir e debater – em igualdade de condições como se estivéssemos numa roda em torno do fogo/desafio (como os povos primitivos). Hoje mais do que nunca precisamos desenvolver habilidades também emocionais como a “inteligência emocional”.
(*) Psicóloga e psicanalista