As crianças estão à frente dando o exempl o tempo de férias terminou, as aulas começam ou recomeçam e lá vão elas para o primeiro dia de aula: mochila, cadernos, estojo, uniforme e, finalmente, o dono da festa: o livro! Mesmo aqueles que não gostam de estudar ou simplesmente ler não têm como não amar os livros! Eles são deveras atrativos: alguns supercoloridos, com bastantes imagens e poucas palavras; outros, ao contrário, muitas palavras e poucas imagens; uns bem fininhos, que podemos carregá-los como se fossem um cone; outros bem grossos, com capa resistente, que só podemos carregá-los na sua forma original ou dentro da mochila ou, ainda, com a ajuda de uma pasta; uns trazem mensagens acessíveis e fáceis, outros informam fatos ou teorias extremamente importantes, pesadas e difíceis; cada qual conquista e mantém seu público – crianças, adolescentes, adultos, estudiosos, pesquisadores e idosos, o importante é a possibilidade de descobrir qual é o seu estilo e o que mais lhe agrada – sempre haverá um livro que o atenda nas diferentes ocasiões!
As semanas que antecedem este dia (o primeiro dia de aulas, após o descanso das férias) se mostram coloridas pelas emoções; os pais ansiosos para organizar todo o material necessário que possibilite a entrada (deles e das crianças) com o pé direito neste novo/velho campo social, afinal são sempre situações novas, apesar de conhecidas; é a novidade que aparece em qualquer velha situação. Para o aluno, há sempre aquele “frio na barriga”: será que todos irão voltar? E os novatos, como serão? E as professoras? Serão feias ou bonitas; bravas ou boazinhas; será que vão gostar de mim?
Os pais atuais, que atentam para a vida emocional de seus rebentos, preparam-nos com conversas que esclarecem e orientam ao mesmo tempo em que assim também se esclarecem e se orientam para este início do ano escolar. São muitos os desafios e a possibilidade da avaliação externa também os deixam ansiosos. O retorno das lembranças agradáveis e desagradáveis de sua própria vida escolar é sempre recorrente! Aquela indicação da diretora para representar o colégio no grupo estudantil; aquele único dia em que não estudou e foi chamado para responder as perguntas diante da classe; aquele elogio dado pelo professor mais amado da turma...; ser sempre escolhido para os grupos de trabalho, ou sobrar entre os que não conseguiram entrar num grupo! De qualquer forma, a “vida escolar” repete a própria vida num microcosmo – é desafiante, traz frustrações e conquistas, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas: é o próprio mundo em dose palatável para a idade certa e seria extremamente vantajoso para todos se os adultos seguissem o exemplo das crianças e parassem o carnaval estendido, dando lugar à vida produtiva.
Ilcea Borba Marquez
Psicóloga e psicanalista
E-mail: ilceaborba@gmail.com