ARTICULISTAS

A finitude humana

O dinamismo vivencial que nos faz sentir o tempo cada vez mais veloz, em marcha acelerada ao outro dia

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 24/09/2019 às 19:38Atualizado em 18/12/2022 às 00:33
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O dinamismo vivencial que nos faz sentir o tempo cada vez mais veloz, em marcha acelerada ao outro dia, ao final do mês e ao fim do ano, é o mesmo que provoca os pensadores a acelerarem seus pensamentos em busca de teorias que pelo menos acompanhem o ritmo frenético da vida claramente percebido no dia a dia, no trânsito e nas relações. Assim lemos sobre iluminismo, modernidade e pós-modernidade num frenesi de conceitos e comparações. 

O que se fala sobre a pós-modernidade? Ideias anti-ideológicas, movimento feminista, igualdade racial, anarquismo do final do século XX, movimentos pacifistas e antiglobalização, que finaliza por colocar a verdade como um mito; a razão como construção machista eurocentrista e a igualdade como máscara para as opressões. (Ma Tian Min) – numa visão clara da realidade atual em seus fatores de pressão e controle.

Se a análise se faz corretamente, o que estaria na base deste movimento, e qual a construção positiva advinda dos questionamentos levantados?

Para muitos, o homem tem se afastado da religião cristã, da noção de pecado, do referencial divino, da família tradicional sustentada pelos lugares e papéis definidores das relações Pais e Filhos. Quem não sabe de onde veio e para quê não sabe sobre seu futuro, vive sem objetivos e projeto de vida. Tudo vale, todos os discursos valem! Não precisamos escolher o melhor porque todos são ótimos e, melhor ainda, não temos que escolher o que vamos perder ou abrir mão, queremos ter tudo, custe o que custar.

Parece que o homem está tentando negar sua condição de “Ser-da-falta”; ou ainda “Ser-da-finitude”. Nada o impacta mais do que a morte ou o fim da vida ou ainda a falta fundamental da eternidade tão almejada. O desafio humano está em assumir suas próprias faltas e finitude sem entrar numa angústia paralisante, e sim numa ansiedade produtiva que o leve a conquistas e adaptações produtivas.

Para Freud, o processo civilizatório talvez conduza o homem à extinção da raça humana, pois ele prejudica a função sexual em diversos aspectos, sendo que atualmente as raças incultas e as camadas retrógradas da população aumentam mais intensamente que as camadas cultas. As sensações que, para os nossos ancestrais distantes, eram fontes de prazer se tornaram indiferentes para nós ou até mesmo insuportáveis, como as cenas dos gladiadores romanos, as lutas apresentadas ao público em geral entre animais violentos e famintos frente aos homens desarmados que, inevitavelmente, se tornavam alimento aos mesmos...; as crucificações e as mortes nas fogueiras... 

(*) Psicóloga e psicanalista

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