Na literatura cristã, o Santo Graal designa o cálice usado por Jesus na Última Ceia e foi usado por José de Arimateia
Na literatura cristã, o “Santo Graal” designa o cálice usado por Jesus na Última Ceia e foi usado por José de Arimateia para colher o sangue de Jesus durante a crucificação, levando-o consigo quando fugiu da perseguição aos discípulos de Cristo. Numa outra versão, José de Arimateia guardou o cálice usado por Jesus na Última Ceia levando-o posteriormente à Inglaterra. De qualquer forma, o cálice está ligado a Cristo, à Última Ceia e desapareceu desde então. A partir daí tem sido procurado como relíquia preciosa capaz de trazer ao seu possuidor benesses e riquezas inimagináveis, tais como a “vida eterna”. Os Cavaleiros Templários têm na sua história a busca e a proteção a esse mito, fator presente na origem de suas riquezas e poder.
Até os dias atuais encontramos movimentos de massa que nada mais são do que repetidas e inimagináveis buscas ao “Santo Graal”: quero dizer que de tempos em tempos percebemos ondas que poderíamos até mesmo chamar de modismos que, na realidade, significam uma verdadeira perseguição em torno de uma pílula mágica, uma receita milagrosa, uma atuação terapêutica breve, circunscrita, facilmente extirpável com um bom corte cirúrgico feito por alguém que manipule o bisturi bem afiado em zona precisa. Esses fatores referem-se até mesmo a áreas psíquicas totalmente abstratas e históricas claramente apartadas da realidade corporal e espacial.
A ciência psicológica tem se afastado da clínica e do relacionamento dualista/pluralista e dicotômico para absorver uma prática dita desenvolvimentista e igualitária/colaborativa entre um aprendiz e um treinador em torno de um objetivo acordado e um processo estruturado para atingi-lo. O ponto de sustentação é o foco em um objetivo específico; não se trabalha com a história do indivíduo ou sua própria vida, mas sim um recorte dela, circunscrito e preciso como um tumor onde buscamos a sua extirpação cirúrgica sem lesões periféricas desnecessárias. Os adeptos desta nova mania esclarecem que aqueles que apresentam um sofrimento subjetivo maior não se configuram como público-alvo para esta terapêutica por não acolher níveis elevados de sofrimento psíquico podendo inclusive tornarem-se insuportáveis.
Estamos assim nos afastando da verdadeira grandeza da vida humana, pois o homem é o mais privilegiado dos animais porque é o único que encontra em si mesmo uma tarefa que não foi atribuída a nenhum dos demais representantes das espécies vivas: a tarefa não só de viver, mas, sobretudo de conduzir a vida; não só de viver, mas pensar sobre a própria vida livremente.
(*) Psicóloga e psicanalista