ARTICULISTAS

Apesar de tudo, caudilhos!

Uma grande maioria de brasileiros se mostra surpresa

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 08/01/2014 às 20:19Atualizado em 19/12/2022 às 09:32
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Uma grande maioria de brasileiros se mostra surpresa com os resultados das pesquisas eleitorais que apontam uma preferência pela continuidade da atual líder na Presidência do Brasil, apesar de tudo estar indo mal: economia, educação, saúde, índices de desenvolvimento, oferta de empregos e, mais ainda, projetos e ações governamentais. Mas, tudo se esclarece quando observamos as técnicas utilizadas nesta fase de campanha para as eleições de 2014, nascidas nas mesas de trabalho dos profissionais da ilusão – marqueteiros competentes, hábeis no manuseio estratégico de opiniões e vontades.

Todos os servidores federais estão recebendo em sua caixa pessoal e-mail de fim de ano assinado pela presidente Dilma de agradecimento pelos excelentes e competentes serviços prestados, bem como votos de feliz Natal e ano-novo! Há quatro anos as lideranças da comunicação e do ensino ouviram pelo telefone mensagem gravada de pedido de votos da mesma candidata! O que impressiona sobremaneira é que estas ficções de proximidade que o mundo virtual criou conseguem fabricar ilusões capazes de tirar do anonimato automática e momentaneamente todos aqueles que não se sentem incluídos e reconhecidos pelo ambiente social e/ou profissional - aqueles que imaginam encontrar-se na marginalidade social –, necessidade de inclusão sabiamente reconhecida pelos experts da comunicação que agora cuidam das campanhas e dos destinos políticos do país. Recentemente ouvi de uma graduada em enfermagem depoimento carregado de emoção, sensibilizada que fora pelo acima referido e-mail presidencial. Na oportunidade mostrou-me, entusiasmada, sua resposta plena de afeto, convicta que seria lida e admirada pela Dilma!!!

O texto de Garcia Hamilton, J. I. – Juan Domingo – Perón detrás do mito, ao contar a trajetória política do líder trabalhista, revela impressionantes igualdades entre ele e Lula, bem como aqueles que se aproximaram deste para alcançar poder. Hortencio Quijano participava de um reduzido, mas influente grupo de intelectuais nacionalistas e anti-imperialistas que aceitaram a oferta de Perón: “Ele nos dá tudo, menos a presidência. Se queremos fazer a revolução, devemos unir-nos a ele”. Assim nasceu o Partido Trabalhista na Argentina, formado por discrepantes ideais, mas sustentado pelo igual e absoluto desejo de poder e dinheiro. Aqui no Brasil, entre os anos 60 e 70, muitos deles subiam aos palanques ou monumentos das praças criticando os “caudilhos” de então em defesa dos interesses e bem-estar do povo brasileiro para apenas, anos depois, se mostrarem verdadeiramente sem máscaras – os novos caudilhos: líderes políticos envoltos em carismas e demagogias, com evidentes perfis ditatoriais e autocráticos, em clara divergência da democracia representativa. 

(*) Psicóloga e psicanalista

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