ARTICULISTAS

Banalidade do mal

Tomando de empréstimo o conceito criado por Hannah Arendt

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 18/09/2013 às 19:50Atualizado em 19/12/2022 às 11:02
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Tomando de empréstimo o conceito criado por Hannah Arendt: Banalidade do Mal para definição do momento cultural vivido no Brasil, os cientistas sociais se tranquilizaram por acreditarem que a simples conceitualização os coloca no controle total do mesmo. Ledo engano, pois ele continua sua existência, ainda mais fortalecido, já que agora  encontra-se livre da inquietude que provocava e que poderia significar forças de combates.

Para Hannah Arendt: alguns indivíduos agem dentro das regras do sistema a que pertencem sem racionalizar sobre seus atos. Eles não se preocupam com as consequências destes, apenas com o cumprimento das ordens desde que advenham de instâncias superiores. Suas ideias nasceram da participação no julgamento de Adolfo Eichmann pelos crimes de genocídio contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

De acordo com o conceito de Banalidade do Mal percebemos que algumas atitudes dos governantes de hoje não pertencem ao código moral e ético em vigor; a camaradagem do grupelho, na crença de sustentação eterna no poder através do bem sucedido sistema de compra e venda de votos em exercício, têm mostrado sua verdadeira face.  Os exemplos são vários e estão anunciados nos artigos de jornais e revistas e nos comentários televisivos:

• o deputado Natan Donadon julgado anteriormente como inadequado para a vida em sociedade, com a cumplicidade dos seus camaradas/companheiros, teve seu mandato de deputado preservado podendo, então, ser líder da sociedade que o excluiu temporariamente;

• os juízes do Supremo Tribunal de Justiça fazem suspense para autorizar a imediata execução das sentenças dos envolvidos no esquema do mensalão;

• a soberania nacional encontra-se ameaçada já que os 4.000 médicos cubanos chegados recentemente ao país continuam seguindo as leis do país de origem, criando em consequência mini-Cubas nos espaços onde vivem e atuam. O governo aceita e apoia a escravidão ditatorial que os líderes cubanos impõem aos seus companheiros extraditados para cá;

• o embaixador Eduardo Saboia é destituído do cargo por cumprir com consciência moral sua tarefa;

• o mais recente escândalo e, infelizmente, não é e nem será o último que envolve o Ministério do Trabalho, as Ongs e a esposa do Ministro!

Enquanto isso, os protestos de uma juventude ainda saudável, não comprometida com crenças políticas ultrapassadas e, esperançosa no Brasil que pode dar certo, cansou e calou!

(*) Psicóloga e psicanalista

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