A palavra em voga atualmente é bolsa: é a mais empregada pelos detentores do poder e a mais procurada pelos seus dependentes. Temos bolsas para todos os tipos e gostos: bolsa família, bolsa escola, bolsa infância, bolsa gestante, bolsa gás, bolsa casa própria e, mais recentemente, bolsa reclusão (para os desinformados, esta é para os detentos em regime de presídio)! Existe alguma variação, mas o objetivo e destino são os mesmos, como, por exemplo, kit escolar. De onde o município, o estado e a federação tiram dinheiro para o provimento de tantas doações?
É bom esclarecer que o estado não gera riquezas, mas apenas as distribui, com justiça ou não! Isto quer dizer que, para bancar tanto altruísmo, é necessário encher os cofres públicos com arrecadação crescente, através de impostos e taxas que aumentam de valor assustadoramente e/ou pela criação de outras. O que nem todos reconhecem é o fato de que estas bolsas acabam retornando aos cofres públicos, através dos impostos embutidos em tudo que consumimos (da cesta básica aos financiamentos populares) e em toda taxa municipal que pagamos.
Uma notícia reveladora desta semana mostra-nos o submundo do poder! Depois de quase nove anos de impunidade, um dos assassinos do prefeito de Santo André – o petista Celso Daniel – foi condenado. O assassinato aconteceu depois do desentendimento de Celso Daniel com seus assessores, que praticavam a corrupção não só para abastecer o caixa dois do PT, mas também para proveito próprio. O prefeito admitia a corrupção para alimentar o caixa dois do partido, mas não para enriquecer cúmplices. Esta parece ser uma nova ética onde os fins “justificam” os meios! Não pensem que os empresários com contratos municipais ganhavam menos com estas taxas cobrados pelos partidos eles simplesmente repassavam os custos para todos que usavam os serviços.
Aliás, não estamos vivendo apenas o tempo de uma nova ética, como falamos acima, mas também de certa perversã enquanto o Bolsa Reclusão tem um valor aproximado de R$ 800,00, a aposentadoria daqueles que contribuíram adequadamente durante todo o seu tempo laboral é de R$ 500,00. Não se enganem com as intenções subjacentes ao fato. É que, na terceira idade, não existe a obrigatoriedade do voto e, além disso, eles representam número menor de votos por família. Só falta agora instituírem bolsa para os fumantes, para os amantes da boa pinga e para os drogadictos.
(*) psicóloga e psicanalista