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“As tragédias da História revelam os grandes homens: mas são os medíocres que as provocam.” (Druon – 1918). O depoimento de um trabalhador industrial

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 02/12/2009 às 19:55Atualizado em 20/12/2022 às 09:17
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“As tragédias da História revelam os grandes homens: mas são os medíocres que as provocam.” (Druon – 1918). O depoimento de um trabalhador industrial da área de couros, de mais ou menos cinquenta anos, natural do Nordeste, de onde fugiu em busca de melhores condições de vida, formação, trabalho e renda, revela-nos que, ao chegar, logo conseguiu formação superior – químico industrial –, sendo admitido nas pequenas indústrias de calçados, tão comuns nesta região Sudeste. Por vários anos, manteve padrão de vida compatível com seus sonhos migratórios, provendo a família do basicamente necessário a uma vida plena de conquistas e realizações, de acordo com o perfil social mediano e durante o governo Fernando Henrique. Com a mudança presidencial, no governo Lula, as pequenas fábricas de calçados foram diminuindo sua capacidade operativa e contratadora, bem como fechando suas portas, tendo em vista o alto custo empresarial no Brasil, mesmo em se tratando de microempreendimento. Atualmente, estes pequenos industriais e todos aqueles que deles dependiam, direta ou indiretamente, vivem na desesperança do desemprego, na apatia produtiva, no desespero da “des-proteção” social. Sentem-se apátrios, injustiçados, desfiliados de um verdadeiro Estado Polític os fundamentos definitivos de uma nação.

Podem-se enumerar os desejos de um pov fronteiras bem vigiadas; Exército forte e participativo, à disposição das necessidades públicas; circunscrições administrativas controladas com grande exatidão; estradas seguras; uma indústria desenvolvimentista, e um comércio ativo. Apesar da facilidade em compreender os pedidos, observa-se uma dificuldade enorme dos governos em assegurar condições tão básicas. O motivo é um só – a mediocridade: mediocridade de alguns governantes, a vaidade fútil, a leviandade em relação aos negócios do país, a falta de aptidão de se rodear de bons conselheiros, o desleixo, a presunção, a incapacidade de conceber grandes desígnios ou de, tão somente, prosseguir com os que tinham sido concebidos anteriormente. Tudo desmorona a partir do momento em que personagens ineptos passam a se suceder nos mais altos postos do Estado. A unidade se dissolve quando a grandeza desaparece, quando outros objetivos se impõem, quando o ser ativo e eficaz é substituído pela preocupação primeira de agradar, conseguir mais e mais votos, manter-se no poder.

(*) psicóloga e psicanalista

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