As sociedades humanas fundam-se a partir das constantes passagens de crianças para adolescentes, de adolescentes para adultos, de adultos para a velhice. Inicialmente a relação das crianças com os adultos é de submissão e total dependência, em seguida passam a ser percebidos como homens jovens, reconhecidos socialmente, mas ainda dependentes, depois, finalmente à situação de plenos poderes e privilégios e, em seguida, o retorno à experiência de dependência. Se sem pai não existem filhos, sem filhos, isto é, sem indivíduos capazes de reconhecer a LEI DO PAI e de se identificarem aos ideais que ele transmite, também não pode existir pai. A criança cria o pai, transforma o adulto em um indivíduo encarregado da coletividade e da formação e transformação dos novos em SERES SOCIAIS.
Neste momento estamos sendo bombardeados com notícias estranhas e extravagantes: aluno que “põe fogo” no cabelo da professora, outro que lhe dá uma tesourada com as pernas fazendo-a cair ao chão, outro que é ameaçado de morte... Apesar da revolta que senti ao ler o comentário do Conde de Gobineau (Ministro da França no Brasil em 1869) quando nos comparou, os brasileiros, com macacos cujo futuro seria fatalmente a perversão moral, mesmo a contragosto tenho que acabar concordando com sua opinião ao saber de atos tão animalescos e primitivos, acontecendo atualmente nas escolas e nas ruas. Nem é preciso enfatizar o medo geral de todos que tentam se proteger com cercas elétricas, circuitos internos de televisão, seguranças armadas e outros.
Também ONDE ESTÃO OS PAIS? Na mídia como corruptos, ladrões impunes dos bens coletivos, eternos adolescentes a procriar impensadamente, que não servem de modelo, muito menos como formadores e transformadores dos novos seres em submissos às leis sociais, sem privilégios e barganhas e sim com responsabilidades ímpares de liderança e respeitabilidade. De que lhe adianta Sr. Senador não ser cassado pela lei do telhado de vidro (atire a primeira pedra quem nunca roubou!) se o pior dano já foi causad descrença total e eterna nos nossos governantes e políticos que se se organizam e produzem alguma coisa é apenas em benefício próprio e nunca pela comunidade. QUEM SÃO ESTES PAIS? Será que seremos obrigados a conviver com a afirmativa: filho de peixe, peixinho é?
(*) Psicóloga e psicanalista