A verdade sempre se impõe, mesmo quando se tenta escondê-la atrás de cortinas de ferro! Você sabia que a Estrela Vermelha – símbolo do Partido dos Trabalhadores – PT aqui do Brasil – é a mesma do Partido Comunista Russo? Tanto lá quanto aqui esta estrela já esteve decorando jardins palacianos!
Também é verdade que num regime comunista a posse privada é abolida e somente o Estado se torna o grande proprietário, respondendo, então, por todos os bens móveis e imóveis da nação! Qual não foi nossa surpresa ao ouvir relatos que nos informavam da real possibilidade de ser proprietário de um veículo em Budapeste durante a ocupação comunista. Isso, no entanto, tinha suas peculariedades: a aquisição de um carro novo diretamente da fábrica, dirigida pelo Partido Comunista Russo, acontecia quando você entregava o valor do bem ao partido; só que não recebia o carro, apenas um número. Em seguida, você teria que acompanhar, nos próximos cinco ou seis anos, nas edições do Jornal do Partido, quando o carro seria liberado para você. Mas, se você estivesse com muita pressa, bastava rechear um envelope com boas gorjetas e entregar em mãos das pessoas influentes do partido! A corrupção, em estreita relação com um estado inflado, torna-se assim endêmica!
Outra surpresa: em Budapeste você poderia ter sua Casa de Campo, na montanha, fora dos limites da cidade e dos prédios cinza que abrigavam os empregados das fábricas e comércio próximos. Nesta você poderia cultivar seu jardim ou frutas, usar cores nas paredes e fachadas, para desfrutar os finais de semana, distantes da monocromia acinzentada do restante.
O que realmente impressiona nestas ocupações decorrentes de acordos entre os vencedores é a tentativa de fazer sumir um povo com sua língua, cultura e seus costumes. A imposição linguística e cultural habitual, a ponto de decretar e obrigar todas as instituições de ensino a entoar o Hino do ocupante nas datas importantes dos recém-chegados, provoca uma cisão interna no aparelho psíquico de cada um dos habitantes antigos, obrigados, a partir de então, a aprender nova língua, novas datas comemorativas, novos modelos identificatórios: novos heróis e nova história. Nosso privilégio é nunca ter enfrentado essas guerras territoriais e tampouco suas consequências!
(*) Psicóloga e psicanalista