Como se não bastasse a crise econômica mundial, com reflexos extensivos a todos, aqui no Brasil vivemos, infelizmente, o acréscimo da crise moral que há 3,7 anos tem se tornado conhecida por todos através da Lava Jato. É de conhecimento total e absoluto a decadência das câmaras representativas em sua credibilidade onde verificamos, cada vez mais, que cada vereador, deputado ou senador não representa o povo que o elegeu. Apenas representa a si mesmo com seu desejo de poder permanente e absoluto, seu partido e seus aliados! Só assim compreendemos tanta compra e venda de votos, cobranças de porcentagens e ganhos econômicos com a venda de cargos e salários.
A descrença é contagiante e percebemos uma reação apressada e frenética por novos líderes – pessoas que supomos não estejam contaminadas pelos velhos mandatários em suas vivências incrustadas nas personalidades a ponto de não mais se distinguirem de si mesmo.
O articulista J.R.Guzzo, no seu último texto publicado em 08/11/2017, levanta um surpreendente questionamento e, ao mesmo tempo, uma nova proposta. De acordo com seu pensamento, ele não acredita que o homem será capaz de abandonar velhos hábitos arraigados que acabam em corrupção, fraude, porcentagens, ganhos milionários de propinas que aumentam assustadoramente o custo da vida de todos os cidadãos que pagam seus impostos através da sua capacidade produtiva. Para ele, o que precisa de urgente e inadiável modificação é o tamanho do estado com suas garras empresariais. Se não houvesse cargos de direção e controle de espantosas quantias de recursos não haveria motivo para todo o processo de corrupção. Não adianta criar novas leis e nem tão pouco buscar novos líderes. Precisamos, sim, diminuir o poder do estado de gerir fortunas e ter ganhos significativos com isso. Citando Pillorget, Suzanne – Apogeu e Declínio das Sociedades de Ordens: “os reis considerados como os mais absolutos dispunham, na sua época, de um poder sobre as pessoas e as famílias bastante inferior ao que atualmente exerce o Estado mais democrático.” O Estado é a expressão de interesse da classe dominante ou dos próprios políticos que o governam.
Se não bastassem tantos infortúnios brasileiros com sua classe política, a decepção corrente também atinge o Judiciário nas deliberações em nada “justas” que acabam se tornando um jogo de cartas marcadas veladas por intensa e interessante verborragia intelectual. O profundo conhecimento das leis, decorrente de uma vida dedicada à leitura, escrita e pensamento apurado, não impede o infantilismo vaidoso ritualisticamente apresentado. Descrente e sem rumo, buscamos uma bússola que nos oriente para o Norte.
(*) Psicóloga e psicanalista ilceaborba@gmail.com