A chegada de uma criança na família é ocasião especial: uma pluralidade de sentimentos amorosos
A chegada de uma criança na família é ocasião especial: uma pluralidade de sentimentos amorosos ou hostis eclode de acordo com a aceitação ou rejeição deste novo membro. O incomum é a indiferença frente à manifestação da vida que se renova em cada nascimento. Entre as muitas preocupações e decisões imperiosas encontra-se a escolha do nome próprio deste recém-nascido. O nome próprio indica uma relação entre o receptor e o doador do nome e, muitas vezes, é a expressão de sinalizadores de um nível altamente inconsciente sobre o sistema de relações entre ambos. Os nomes são dados no seio do grupo familiar e cada um deles tem uma razão, às vezes diferente, nas diferentes famílias e diferentes para os diferentes filhos.
Em nossa cultura, é habitual dar aos filhos o mesmo nome dos pais e/ou familiares recorrendo a um adicional: um segundo nome, ou a revelação do parentesco – Junior, Filho, Neto, Sobrinho – ou ainda um diminutivo ou apelido para devolver a identificação apagada pelo uso do mesmo nome por duas pessoas diferentes, uma vez que o nome próprio se refere a um indivíduo determinado e permite, além do mais, segui-lo através da história pela simples indicação nominal.
Existe a crença verificável de que os indivíduos portadores dos mesmos nomes têm uma relação comum tal como os que pertencem ao mesmo signo zodiacal. Inquestionável é o fato de que aqueles que portam os mesmo nomes terão sempre suas identidades comparadas.
O tipo de nome e sua pertinência ao ramo materno ou paterno referem-se à história deste grupo familiar, com seus valores e restrições. Como exemplo gostaria de citar aqueles primogênitos que recebem o nome do pai ou seus ancestrais e passam a representar, no seio familiar, o lado paterno, junto com a expectativa de futuramente ocuparem seus lugares na sociedade e/ou nos empreendimentos sociais da mesma. Ainda há outro exempl a filha levar o nome da avó, recentemente falecida, marcando assim a circunstância do falecimento e, ao mesmo tempo sua negação uma vez que a avó re-nasce neste novo ser.
É possível estabelecer e conhecer a circunstância específica da qual cada nome próprio é um indício. Em algumas ocasiões é preciso remontar até as bases histórico-genéticas em que o nome foi concebido e adquirido, transformada em estrutura atual, da qual o nome é signo. O nome é uma marca de identificação e ele caracteriza não somente uma pessoa, mas todo um grupo familiar e um momento histórico. Há uma verdadeira restrição para o grau de liberdade existente na adjudicação do nome. Este pré-existe ao indivíduo e o aguarda durante o tempo necessário para poder encontrar na criança o seu sustentáculo.
(*) Psicóloga e psicanalista