Desde 2010 temos uma mulher na Presidência
Desde 2010 temos uma mulher na Presidência da República Brasileira. A presidente Dilma Rousseff é a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo político do Brasil. Isso só foi possível porque houve uma mudança significativa no campo cultural, em específico na definição de gêneros quando o espaço social feminino se ampliou de tal forma a ponto de permitir a participação efetiva da mulher na direção do país e não mais apenas no restrito campo doméstico. É inegável que encontramos mulheres em todos os perfis profissionais e em todas as categorias de trabalhadores que vão desde os trabalhos braçais na construção civil até as mais elevadas cortes de Justiça e câmaras políticas. Mas a análise não pode parar aí.
Um olhar pelo túnel do tempo mostra-nos que, em 1889, um grupo de militares engajados nas crenças republicanas e na maçonaria, tendo como líderes o Marechal Deodoro da Fonseca e o Marechal Floriano Peixoto,o tempo mostra-nos que em 1889, um grupo de militares engajados nas crenças republicanas e na maçonaria tendo como l proclamou em 15 de novembro a República, depondo o Império do Brasil – D. Pedro II e suas duas filhas, herdeiras naturais ao trono. O prestígio da Monarquia Brasileira estava em queda pelas dificuldades econômicas decorrentes da Guerra com o Paraguai, pelos atritos com a Igreja Católica, pela abolição da escravatura em 1888 sem a devida indenização dos proprietários de escravos e pela questão da sucessão. Dentre estes fatores quero me ater na provável sagração da Princesa Isabel à condição de Imperatriz do Brasil.
Como D. Pedro II não teve filhos homens, a primogênita Princesa Isabel ocupava a primeira linha de sucessão, fato revelado a cada ausência do Imperador que a nomeava Princesa Reinante. Se D. Pedro II era aceito e amado, o mesmo não acontecia com sua filha D. Isabel. De acordo com os preconceitos de então, a ela só haveria duas condições para o exercício do Poder: ou seria títere do marido – Príncipe Consorte Conde D'Eu Gastão de Orleans – ou da Igreja Católica, a quem era devota dedicada. O povo brasileiro repudiava o estrangeiro Conde D'Eu na direção do império, e a história da Casa Monárquica Portuguesa estava plena de exemplos desastrosos da submissão real à Igreja Católica. Era evidente a descrença de todos na capacidade feminina de dirigir uma nação. Foram precisos 121 anos para uma completa modificação deste preceito.
Com a presidente Dilma Rousseff estão nove ministras e um programa também voltado para a valorização da mulher e erradicação da violência baseada no gênero. A Lei Maria da Penha está em vigor, assim como muitas outras que estabelecem cotas de participação feminina, mas parece que os papéis tradicionais estão tão entranhados que desafiam a criação de leis, e a cada ano somos cobradas pela ausência da mulher nos resultados eleitorais. O que falta à mulher política?
(*) Psicóloga e psicanalista