Esta é mais uma semana onde a vida pessoal invade o espaço psíquico tornando difícil qualquer tentativa de escape em direção ao social. A partir de agora, o dia 28 de janeiro estará para sempre ligado à memória do nosso irmão Dr. Luiz Ronan de Oliveira Marquez – médico anestesista e clínico geral que nos últimos 50 anos se dedicou ao exercício responsável da medicina, na cidade de Limeira/SP, onde ligou seu nome aos conceitos de doação, respeito e responsabilidade.
Rememorando seu percurso, notamos que às vezes um acidente sela um destino e enseja vidas; na história do nosso Luiz Ronan tudo começou com uma viagem para Americana interrompida pelo cabo quebrado do braço de direção, que corrigiu a rota posteriormente e levou-o a aportar na cidade de Limeira onde se estabeleceu para o exercício profissional, constituição de família e desenvolvimento de raízes poderosas. Da sua união matrimonial com Disneia Monteiro nasceram: Alessandra, Valéria e Daniela que geraram cinco netos superamados!
Sabemos que formar um médico na(da) família era um dos sonhos do avô Luiz Ronan Marquez e com que orgulho esperou por sua realização no neto que herdara seu nome. Ele também, por sua vez, construiu uma imagem egoica a partir deste sonho e durante todo o tempo, em cada retorno a Uberaba, não se esquecia da maleta e das visitas ao avô e tias para acompanhar a saúde de todos, desta forma se responsabilizando por ela.
Revendo os álbuns familiares, zelosamente guardados, reconhecemos nas imagens antigas estes conceitos que o definiram durante sua vida: doação, respeito e responsabilidade. Mesmo menino mantinha postura e expressão facial de seriedade e firmeza, indo estudar no Arquidiocesano de São Paulo onde se preparou para o Curso de Medicina. Este investimento lhe garantiu integrar uma das primeiras turmas da Faculdade de Medicina de Uberaba. A dedicação de uma vida profissional ao povo limeirense não foi em vão e as homenagens lhe foram prestadas também em vida como a outorga do título de Cidadão Limeirense em cerimônia marcada pelo próprio relato de sua vida quando comoveu todos os presentes: só se viam lenços limpando furtivamente os olhos e narizes na expressão espontânea do choro.
Evidentemente os percalços também existiram, mas a marca da grandiosidade do homem está na forma com que supera os obstáculos que não lhe barram o caminhar. Na memória restam as inúmeras ocasiões de encontros, diálogos e alegria, pois para Uberaba convergíamos todos nas visitas regulares à família e amigos. Assim acompanhávamos a história singular de cada um e de todos. Só nos resta o consolo de saber que ele viveu de forma a construir um nome e inscrever sua marca no coração de todos.
(*) Psicóloga e psicanalista