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E em Saravejo a luta continuou!...

Mesmo depois de tantas mortes, tanto sangue, tanta violência vivida durante os anos da Segunda Guerra Mundial, Saravejo foi o berço de um novo movimento conflitivo...

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 01/02/2012 às 13:11Atualizado em 17/12/2022 às 08:04
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Mesmo depois de tantas mortes, tanto sangue, tanta violência vivida durante os anos da Segunda Guerra Mundial, Saravejo foi o berço de um novo movimento conflitivo quando os Estados que compunham a Iugoslávia - Croácia, Eslovena e Macedônia - declararam independência no fim do século 20, iniciando um processo que culminou praticamente com o fim da referida Iugoslávia.

Semanas após o anúncio de independência, o país se envolveu no grande massacre do fim do século XX. Os sérvios, os croatas e os bósnios passaram a disputar o território. Os mulçumanos viraram alvo de violência e extermínio do exército iugoslavo sob o domínio das forças sérvias contra as enfraquecidas forças armadas do governo recém-declarado. Os bombardeios foram tão fortes que os bósnios pediram a intervenção da ONU, que se comprometeu a criar zonas de segurança em seis cidades sitiadas e a usar as Forças Aéreas da Otan para proteger Bihac, Saravejo, Gorazde, Zepa, Srebenica e Tuzla.

As crianças foram as principais vítimas dos crimes de guerra. Muitas morreram por falta de água, de alimentos e de remédios; outras ficaram marcadas para sempre seja no corpo físico ou no psíquico, em frontal desrespeito aos direitos civis, políticos, econômicos e sociais das mesmas garantidos pela Convenção dos Direitos à Criança, em vigor desde setembro de 1990. Através desta convenção os governos devem garantir que a criança seja tratada e protegida da violência, do abuso e da negligência de seus pais ou de qualquer um que a tenha sob seus cuidados. As crianças também estão protegidas de ser empregadas como força de guerra – soldados em conflitos armados, o que é sempre desrespeitado.

Marfinati conseguiu o seguinte depoimento para o seu livro, "Filhos de Saravejo": “Eu não posso dizer que lembro exatamente da guerra, mas posso recordar algumas cenas do porão. Durante a guerra, nos não podíamos ficar nos apartamentos porque não era seguro; então ficávamos nos porões, onde era o lugar mais seguro para se esconder das granadas. ...Conheço muitas pessoas feridas. Muitas delas, que lutaram por nossa vida e nossa liberdade, hoje sentem falta de alguma parte do corpo. É terrível. Você pode ver muitos deficientes em Saravejo, feridos por granadas ou ataque de inimigos. ...Eu acho que todos devem começar a pensar no próximo, não se preocupar com as diferenças de nascença. Se exterminarmos o egoísmo, faremos deste mundo um lugar melhor. ...O mundo pode ser mudado se as pessoas mudarem, pois as pessoas são a maior fonte de problemas”.

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