Ao assistir a uma live sobre a falência da Varig – Viação Aérea Rio Grandense, em 2002, interessei-me a buscar mais informações, porque é um fato relativamente recente, muito divulgado pelos veículos de comunicação, que, no entanto, não esclareceram todas as dúvidas ou lacunas do processo. O entrevistado Marcelo Duarte Lins, um dos funcionários que viveu todo o drama e trabalhos inócuos para salvá-la e, ao mesmo tempo, proteger seus empregados, escreveu um livr “Caso Varig – A história da maior tragédia da Aviação Brasileira”. Este está esgotado e em perspectiva de uma nova edição. Um detalhe importante: não consegui acessá-lo on-line e tampouco adquiri-lo nos sebos.
Uma outra fonte de informações é a tese de doutorado de Elones Fernando Ribeiro – PUC Rio Grande do Sul, “A formação do piloto de linha aérea: Caso Varig – O ensino aeronáutico acompanhando a evolução tecnológica”, Porto Alegre – 2008. A partir dessas duas fontes, consegui organizar informações interessantes sobre esse momento da Aviação Brasileira em oportunidades e limitações. Aqui, no Brasil, tudo começou com a imigração de alemães para o povoamento deste imenso território, facilitado pela vinda da Princesa D. Maria Leopoldina, da Casa de Habsburgo, para seu casamento com o Príncipe da Casa Imperial de Bragança, D. Pedro I. Na sequência, a Princesa D. Maria Francisca, filha de D. Pedro I e D. Maria Leopoldina, casa-se com Francisco de Orleans, Príncipe de Joinville, filho do rei Luís Filipe I, da Família Real Francesa, recebendo como dote terras ao sul do país. Após a Revolução Francesa, essas terras do dote da Princesa Maria Francisca foram loteadas e oferecidas aos colonos germânicos para formação de uma colônia. Estes trouxeram suas famílias, ferramentas e conhecimentos, enriquecendo sobremaneira toda a cultura brasileira.
Em 1921, Otto Ernst Meyer Labastille, nascido em Hanover, na Alemanha, em 1897, chega ao Brasil para trabalhar na empresa têxtil Irmãos Lundgren – grupo das Casas Pernambucanas, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial. Neste mesmo ano, busca apoio para formar uma empresa comercial de transporte aéreo. Não encontrando ajuda necessária para a concretização de seu objetivo entre os empresários pernambucanos, segue para o Rio de Janeiro, inutilmente.
Enquanto isso, em maio de 1924, havia sido fundado na Alemanha o Condor Syndikat, com a finalidade de abrir mercado para a indústria aeronáutica alemã. Faziam parte a fabricante de aviões Junkers, de Assau; da Deutscher Aero Lloyd AG e da Sociedade Colombo Alemana de Transporte Aéreo e da Schlobach Theimer, de Hamburgo. Essas empresas reunidas formaram um consórcio que foi o responsável pela fundação, no Brasil, em 1927, da Varig, no Rio Grande do Sul, acrescido do Sindicato Condor do Rio de Janeiro. (continua)
Ilcea Borba Marquez
Psicóloga e psicanalista
E-mail: ilceaborba@gmail.com