Minha última visita a Ouro Preto, por ocasião da data comemorativa de 21 de abril
Minha última visita a Ouro Preto, por ocasião da data comemorativa de 21 de abril – Inconfidência Mineira –, mostrou-me um Brasil no mínimo estranho e no máximo inquietante. Nesse dia, o estado de Minas Gerais homenageava, através de ato Governamental, Entidades e Pessoas que contribuíram para o desenvolvimento de Minas e do Brasil ao conferir-lhes a Medalha da Inconfidência Mineira: a mais alta condecoração do Estado. Dessa vez um dos homenageados foi o Coordenador Nacional do MST (Movimento dos Sem Terra), o Sr. João Pedro Stedile.
Aos poucos, a cidade tomou fisionomia nova e própria: a cor vermelha passou a predominar nas roupas, nos bonés e nas bandeiras; os ônibus despejavam pessoas devidamente marcadas por pulseiras de cores variadas, indicando tudo o que deveria ser dado a elas pelo próprio movimento ou seus admiradores. Caminhava-se sempre em fila, atrás de um líder que proferia palavras de ordem: “vocês estão cansados? Não! O povo não cansa na luta pelo povo!”. Outros preferiam usar camisas estampadas com frases de ordem, como esta: “Enquanto moradia for privilégio, invadir é direito”.
Bandeiras Nacionais também estavam presentes, portadas por grupos que entoavam: “Nossa Bandeira jamais será vermelha!”. Enfim, grupos opostos, em conflito e disputa por espaço, coesão e animação – uma verdadeira guerra ideológica, presentificando a divisão civil de brasileiros. Será isso o início de hostilidades armadas?
Conversando com os ouro-pretanos, fomos informados de que há muito tempo este dia 21 de abril passou a ser oportunidade de protestos, vaias, guerrinhas partidárias, conflitos ideológicos. Eles simplesmente deixaram de frequentar a praça e apreciar toda a movimentação cívica da comemoração. Ficam em casa com as portas fechadas ou saem para pequenas viagens, regressando somente quando tudo acaba.
Este caráter de estranheza brasileiro acaba de receber nova contribuiçã o advogado Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma para ocupar a vaga deixada por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal é “defensor da poligamia, da desapropriação de terras produtivas, da abolição do direito de propriedade, do MST...”, segundo comentário do leitor Edson Guerreiro dos Reis, de Belém, PA. O editorial “Como sabatinar Fachin” faz um apelo aos membros da Comissão de Constituição e Justiça do Senado para arguirem o candidato ao STF pra valer, e não apenas aparentemente, como tem sido feito até agora. Existe uma marcada rejeição popular quanto ao atual sistema de indicação de ministros para o Supremo claramente politizado, o que impede a imparcialidade necessária a qualquer julgamento. As duas situações atestam o engodo brasileiro onde tudo é feito para seduzir nominando de democracia uma política inspirada na ideologia ditatorial, acrescida da atitude silenciosa de muitos outros brasileiros.
(*) Psicóloga e psicanalista