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Enquanto isso: É proibido proibir

Um grupo USPiano se organizou

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 15/05/2013 às 20:16Atualizado em 19/12/2022 às 13:04
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Um grupo USPiano se organizou em torno de um plan comparecer às aulas em trajes trocados – os homens vestiriam saias e as mulheres, roupas masculinas! O argumento de sustentação é o seguinte: é direito de todos escolher o que vestir, com quem relacionar e qual a forma de relacionamento que será adotado. Em outras palavras: a partir de agora está decretada a liberação total nos costumes, cada pessoa vestirá sem se preocupar com seu próprio gênero; da mesma forma cada um escolherá seu parceiro sexual sem se preocupar com a hetero ou homossexualidade.

Em 1945, logo após a II Guerra Mundial e seus horrores destrutivos, quando a matança incluiu também os civis, a sociedade viveu um tempo de questionamento e explosão de todos os costumes vigentes, incluindo aí os papeis de gênero e a sexualidade. Os cabarés europeus apresentavam espetáculos altamente liberados com trocas e inversões sexuais. A famosa atriz Marlene Dietrich usava ternos masculinos, fumava ostensivamente charutos e beijava ardentemente a boca de seu público. independente de serem homens ou mulheres. É fácil perceber aí uma rejeição a tudo que representasse os valores sociais de então responsabilizados por todo o sofrimento vivido. Como sempre, as decisões tomadas pelos grupos políticos minoritários em relação ao todo da população afetam indiscriminadamente, provocando mortes e destruições.

Um fenômeno social chamado popularmente “ficar sério” vem alterando as regras relacionais. Por ele os jovens “ficam” e têm todas as atitudes próprias de um namoro (estabilidade e visibilidade), mas, quando questionados, negam. Nas redes sociais internautas permanecem solteiros, quando juntos estão sempre a dois, não existe o compromisso de fidelidade, apesar de que ela é desejada sempre e quando rompida pode significar a separação do par, que volta a se unir na semana seguinte. A aparência é de namoro, todos que convivem com o casal o confirmam, mas os dois negam e pretendem a solteirice. Até mesmo um simples namoro atemoriza, provocando a negativa, mas, ao mesmo tempo, estes “ficantes sérios” desfrutam de todos os direitos de um namor têm o reconhecimento familiar e vivem a sexualidade em família, livremente, sem restrições.

Essas ausências de regras ou de responsabilidades que alguns autores preferem chamar de libertinagem é o que se percebe nestes movimentos inovadores atuais. Em 1945 poderia ser uma tentativa de superação pós-traumática: movimento de ódio e defesa visando a destruir de um só golpe tudo aquilo que motivou tantas mortes, perdas e sofrimento. Atualmente falta o elemento de dor anterior capaz de justificar o ódio e sancionar a mudança. É claro que existem perigos, medos e dores sociais, estes deveriam promover a união e consequente fortalecimento dos vínculos relacionais, mas o que acompanhamos são fragilidades estruturais incapazes de criar proteções seguras, duradouras e reprodutivas, é o individualismo egocêntrico que tudo quer como prazer descompromissado.

(*) Psicóloga e psicanalista

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