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Estruturação e força da massa

Trocando e-mails com Beth Rabelo, atentamos quanto à necessidade de ampliação no debate sobre os fatos ocorridos na Uniban, recentemente. Aquilo que se estuda de forma separada

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 18/11/2009 às 19:14Atualizado em 17/12/2022 às 05:36
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Trocando e-mails com Beth Rabelo, atentamos quanto à necessidade de ampliação no debate sobre os fatos ocorridos na Uniban, recentemente. Aquilo que se estuda de forma separada, está agrupada no todo, nem sempre coerente, da realidade humana. Assim, o  contraste entre a psicologia individual e a psicologia social ou de grupo (massa) que à primeira vista pode parecer pleno de significação, perde grande parte de sua nitidez quando examinado mais de perto.

É verdade que a psicologia individual relaciona-se com o homem tomado individualmente e explora os caminhos pelos quais ele busca encontrar satisfação para seus fins; no entanto, este indivíduo vive em grupos (outros indivíduos, organizações) e estes operam transformações nos primeiros pela influência que exercem. Assim, a psicologia do sujeito depende do contexto no qual ele se encontra, é preciso admitir que um outro ambiente, ou seja, um outro tecido de relações sociais (posições identificatórias e conflitos) pode permitir-lhe mudar de conduta.

Pertencer a um grupo, mesmo que temporariamente, pode acarretar mudanças individuais se existir uma forma de ligaçã identificação, amor, solidariedade e hostilidade. É preciso então a existência de um vínculo libidinal. O outro não é um ser indiferente  (no sentido de que não provoque em nós nenhuma emoção ou sentimento) ou um ser totalmente distante de nós (um chefe, uma autoridade).

Algo semelhante a uma fascinação ou um fascínio ocorre: os outros tomaram o lugar do ideal do eu – aquela imagem inconsciente de perfeição que mobiliza o homem no sentido da auto-realização crescente e idealista. A partir de então, pelo processo da identificação simultânea e contaminante forma-se imaginariamente um só indivíduo e a ação desencadeada por este indivíduo simbólico será operacionalizada por todos. No caso Uniban, o grupo já se encontrava estabelecido a partir de um traço comum: eram todos alunos do período noturno, de uma determinada universidade particular, numa cidade. A atração sexual do grupo por aquela colega foi sentida, o que facilitou a coesão grupal, e o próximo passo agressivo foi assumido por todos. Uma explosão agressiva que alimentava crescentemente a própria agressividade, culminando pela necessidade imperiosa da entrada de um terceiro ou uma terceira força para contenção. Podemos comparar a uma força magnética que atrai e mantém, da mesma forma que um olhar interessado da pessoa amada captura e direciona o outro.

 

(*) psicóloga e psicanalista 

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