A mobilização popular e nacional por mudanças
A mobilização popular e nacional por mudanças na esfera governamental ainda produz leis, decretos e medidas provisórias. A reforma dos cursos de medicina bem como a “importação” de médicos sem o devido processo de revalidação dos profissionais em uso até agora tem ocupado a atenção de todos, atentos aos seus desfechos. O acompanhamento diário destes processos, através da mídia e das redes sociais, mostram suas duas faces caracterizantes: por um lado, o governo que ora propõe formas de atender as solicitações populares; por outro lado, os Conselhos de Medicina, as Associações Médicas e as Escolas, através dos professores e alunos, surpreendidos pelos anúncios de medidas de claras consequências na formação e vida profissional sem anterioridade de discussão e diálogo com os diretamente envolvidos.
Informações novas clareiam gradativamente até que por fim podemos ter uma ideia do quanto e há quanto tempo o governo vem desenvolvendo ações para estes objetivos. Por exemplo, a importação de médicos cubanos é apenas mais uma etapa de um amplo projeto de socialização do país. Uma entrevista com alunos do Curso de Medicina em Cuba revela-nos que muitos são brasileiros, pertencentes aos movimentos sociais do Sem Terra (MST), bolsistas a convite do próprio movimento, que retornariam ao Brasil na condição de médicos para atuar nas regiões mais necessitadas (leia-se baixo nível de instrução e alta possibilidade sugestionável) com sólida e direcionada formação socialista! O desrespeito aos direitos humanos, a anulação do indivíduo, a supremacia do grupo como fachada para a simples manutenção do poder são evidências de atos próprios aos países totalitários! Não podemos jamais esquecer que em Cuba o governo dos Irmãos Castro, nascido da revolução socialista, já dura mais de 50 anos (poucos reinados permaneceram tanto tempo no poder), sendo, portanto, uma ditadura: “forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos de um indivíduo, dum grupo, duma assembleia, dum partido ou duma classe.” (Aurélio) Mais ainda: em todos outros governos também ditatoriais a perseguição e morte sumária dos que defendem ou pensam diferente é uma realidade inquestionável, já que qualquer discordância é sintoma de desvio, qualquer desvio é sintoma de dissidência e qualquer dissidência é sintoma de traição.
Pobres médicos cubanos: como se não bastasse uma vida de fila, fome e miséria em Cuba, fora de lá permanecem vivendo do mesmo jeito depois do repasse compulsório dos seus vencimentos para o governo cubano. Só existe um resultado para estas sociedades massificadas e totalitárias, que expulsaram de suas terras a diversidade e a variedade: a inércia, a apatia, a não adesão crescente, o comportamento de “faz de conta”, o “jeitinho”, a corrida carreirista.
(*) Psicóloga e psicanalista