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Fora das leis!

É verdade que todo grupo social tem suas regras de conduta, valores morais e éticos que permitem tanto a inclusão quanto a exclusão.

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:48
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É verdade que todo grupo social tem suas regras de conduta, valores morais e éticos que permitem tanto a inclusão quanto a exclusão. É verdade que todos os povos têm seu Código Civil que regula as relações de conflito, possibilitando um conhecimento e compreensão a priori do certo e do errado, pelas quais o homem será julgado! Depois desse avanço democrático, não se está mais à mercê de julgamentos parciais e momentâneos, de acordo com o humor ou vontade desconhecida daquele que detém o poder de vida e de morte aos indivíduos.

No entanto, o lado obscuro da regra é a exceção e, atualmente, não somos capazes de discernir se vivemos num tempo de exceção ou se a exceção já virou regra, ou mesmo se existem realmente leis que limitem ou determinem os comportamentos que todos conhecem e juram cumprir! A violência fratricida pode formar a textura da realidade cotidiana, mas ela não pode constituir um modelo de referência nem servir de garantia para a vida social.

Foi-se o tempo em que a força da fé ou o sentimento de pertença a um grupo religioso eram capazes de impor limites aos fiéis que, sob a ameaça da punição divina, reprimiam seus impulsos cruéis ou vicariantes. Foi-se o tempo que pessoas se agrupavam sob o dogma da pobreza e da rejeição total aos bens materiais! Foi-se o tempo da valorização à miséria, à simplicidade e às restrições até alimentares! Onde encontraremos referência e obediência a um sagrado nos tempos de hoje? Se o rei foi decapitado em praça pública, se Deus se distancia na vida moderna, isso significa a morte do sagrado transcendente e permite a emergência de um sagrado profano! Infelizmente, vivemos agora sob a égide de um sagrado profan o dinheiro! Ele está próximo, circula livremente, permeia todas as relações comerciais e afetivas. Assim transcende, tornando-se o princípio ordenador de todas as coisas ou, ainda, “a mão invisível” que as governa. Se o dinheiro se torna o valor supremo, é enquanto divindade (não percebida como tal) que o homem crê poder manejar e dispor a seu bel prazer. O dinheiro para o homem moderno não tem significação imaginária, não é um elemento que vai ser sacralizado, mas somente possuído. Nesta condição, de algo para ter, ele permite ao seu possuidor um sentimento próprio e um uso fora de leis, regras ou preceitos morais. O sentimento é de possuir o absoluto, tornando-se ele próprio sagrado e, por isso mesmo, tudo poder!

(*) Psicóloga e psicanalista

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