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Grande salto adiante!

Os perigos do UM que não aceita o DOIS

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 17/07/2013 às 19:20Atualizado em 19/12/2022 às 12:00
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Os perigos do UM que não aceita o DOIS como possibilidade de oposição, contraposição, contradição e/ou conflito são facilmente verificáveis tanto pela história do indivíduo quanto da sociedade. Individualmente nos deparamos com os eremitas solitários em solilóquios intermináveis e enlouquecedores e, socialmente os grandes movimentos ditatoriais e totalitários onde um só líder, ou um só partido ou ainda uma só ideia governa um país ou uma sociedade.

Hitler, Stalin e Mao Tse Tung são alguns destes líderes totalitários recentes que conhecemos e, facilmente  apontamos as consequências nefastas das suas lideranças, bem como a igualdade de suas ações. Toda oposição foi perseguida, qualquer adversário foi encarado como inimigo e traidor, destinado ao fuzilamento, ao campo de concentração, ou ainda, ao puro e simples desaparecimento. Todos trabalharam duramente no culto às suas personalidades. Hitler organizou suas ideias na publicação do livro “Minha Luta” – leitura obrigatória em todos os lares germânicos; Mao Tse Tung editou o conhecido “Livro Vermelho de Citações” fartamente distribuído, principalmente, entre os membros da Guarda Vermelha. Todos apresentaram claros sintomas de fantasias persecutórias. Todos se diziam os únicos e legítimos “Defensores do Povo” – representantes do “povo-Um”, “sem divisão original”: a classe trabalhadora, portadora do universal, após a supressão da divisão de classes.

A política de Mao expressa na Revolução Cultural onde se buscava, teoricamente, aprofundar a construção do socialismo e impedir o retorno do capitalismo representou aos outros países uma tentativa de avaliar a revolução socialista dentro da própria revolução, o que angariou simpatizantes que, no entanto não compreendiam seus verdadeiros motivos: Mao desejava retirar do poder antigos colaboradores: Liu Shaoqi, e Deng Xiaoping.

O Movimento das Cem Flores buscou originalmente diferentes opiniões de como a China devia ser governada só para depois ser seguida por um movimento antidireitista: todos que expressaram críticas ao governo de Mao foram considerados da direita, portanto capitalistas, traidores e inimigos do povo.

No Grande Salto Adiante, Mao revelou finalmente a muitos seus verdadeiros objetivos e personalidade, quando milhões de chineses morreram de fome por seguirem restritamente suas ideias, com o seu conhecimento e consentimento inescrupuloso. Mao desejou superar a Inglaterra na produção de aço e convocou todo o povo chinês a produzi-lo mesmo que de forma artesanal. Na ausência de matéria prima adequada, a população utilizou o que tinha: panelas, facas, maçanetas em fornos de “fundo-de-quintal”. O resultado foi aço sem qualidade para a comercialização e chineses famintos por estarem todos empenhados no Grande Salto Adiante.

A consulta cultural pode evitar repetições desastrosas!

(*) Psicóloga e psicanalista

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