O caráter contaminante das emoções nos assegura afirmar sobre a tranquilidade do mundo interior da Irmã Maria Antônia de Alencar, já que estar ao seu lado é sentir-se contaminada pela doçura, pela paz de espírito, pela certeza e pela fé.
Conversar com a Irmã Maria Antônia é surpreender-se com a lucidez de 94 anos de idade. É também perceber disponibilidade ativa e dinâmica ao abraçar a causa da santificação da Beata Beatriz – Fundadora da Ordem da Imaculada Conceição.
Ler a Irmã Maria Antônia é admirar-se com a força de sua entrega à Ordem das Concepcionistas, que a faz viver de acordo com suas regras de clausura e obediência desde o ingresso, em 1944, as várias etapas de postulado, noviciado e votos temporários até a Profissão Simples, em 1945, chegando assim aos dias atuais. Seus textos refletem esta abdicação do sujeito em troca da sujeição alegre e ausente de conflito, onde que podemos reconhecer o infantil e o romântico como se só existisse vida por detrás dos altos muros claustros.
Saber da sua vida é constatar a maturidade de um Eu capaz de superar limites em busca de novas formas de ser e estar no mundo, que os 94 anos de idade acabam por provocar. Tendo perdido a visão, entrega à proteção dos santos seu desejo de possuir uma máquina de escrever e, depois, de ser presenteada com uma de segunda mão, aprende sozinha a técnica de utilização e, com ela, escreve seus vários textos de prosa e poemas.
Acompanhar sua vida é admirar seu exemplo de dedicação aos outros, que ela assiste e sustenta a partir dos resultados da venda de suas produções literárias.
Essa pernambucana de origem, ao ser acolhida no grupo de religiosas, dá continuidade ao seu apostolado expandindo a obra da Beata Beatriz – Fundadora da Ordem da Imaculada Conceição – até nossa cidade de Uberaba a partir de Sorocaba/SP. Somos testemunhas da importância da sua Ordem na cultura uberabense: todos os anos, em novembro, mais precisamente no dia 27, nossa cidade acolhe milhares de peregrinos e cristãos em busca de conselhos, direcionamentos para o viver próprio e, também, de oportunidade de agradecimento às graças alcançadas. Neste ato de reconhecimento, a Academia de Letras do Triângulo Mineiro preenche a lacuna deixada pela comunidade uberabense, silenciosa até então, ao proclamar o mérito de uma religiosa totalmente entregue aos objetivos da contemplação e ao próximo, que também divulga seu amor à palavra e à linguagem onde se une a todos os outros literatos.
Irmã Maria Antônia de Alencar, você é um exemplo e motivo de orgulho em Uberaba e regiã que suas sementes se expandam e procriem em abundância.
Parabéns!
(*) Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – ALTM
