Em recente viagem à Viena – Áustria, pudemos constatar o desconhecimento dos brasileiros sobre essa eminente figura da nossa história – a primeira imperatriz do Brasil: Arquiduquesa Leopoldina, legítima descendente da casa de Habsburgo, filha de Francisco I e Marie Louise. Quando nossa guia, defronte a estátua de Francisco I, no famoso Hofburg, questionou-nos sobre a importância deste para o Brasil Imperial, poucos dos presentes conseguiram responder que ele era o pai da nossa Imperatriz Leopoldina, que por sua vez teve decisiva atuação no movimento libertador brasileiro, que culminou no conhecido “Grito do Ipiranga” por D. Pedro I, que assim enfrentava as Cortes portuguesas, separando definitivamente o Brasil de Portugal.
Os documentos desta fase da nossa história provam que deve ser atribuída à atuação de Leopoldina, em primeira linha, que a integridade deste país gigante ficasse preservada, bem como a forma monárquica de governo. Também se reconhece sua contribuição na divulgação do Brasil no mundo científico, bem como sua inclusão no mundo dos trabalhos de pesquisa, abrindo assim uma porta para o progresso.
Segundo Johanna Prantner, D. Pedro I reconhecia as qualidades intelectuais e a excepcional cultura de Leopoldina, superiores às dele, e sempre discutia os negócios do governo com ela, demonstrando sua admiração pelo discernimento lógico e claro que demonstrava e, na maioria dos casos, seguia seus conselhos até quando foi proclamado imperador de um Brasil independente, o que fez com que seu orgulho e ambição o cegasse.
O Imperador Francisco I mostrava-se preocupado em mandar sua filha Leopoldina para um país que atravessava condições tão inseguras e imprevisíveis, mas foi assegurado pela opinião de Metternich. Para este após a fuga de D. João VI para o Brasil, Portugal estava à deriva, passando a ficar sob forte influência britânica. As novas forças liberais se tornaram cada vez mais atuantes neste canto da Europa, muito a contragosto do “Cocheiro da Europa”. Estas forças ameaçavam com o poder das armas, o restabelecimento do “Império Português pela graça de Deus”. Para eliminar o perigo e fortalecer a ideia monárquica o imperador Francisco aquiesceu ao casamento além-mar de sua filha Leopoldina. Foi ela a escolhida para estabelecer a ligação com este avançado posto longínquo de dinastias europeias no Novo Mundo. Por sua vez, a arquiduquesa Leopoldina considerou como sina divina seu enlace matrimonial ao Brasil e encarou como missão de sua vida colocar todas as suas habilidades a serviço de sua nova pátria.
(*) Psicóloga e psicanalista