Inspirado no memorável artigo “J`Accuse”, de Emile Zola, que em plena França nacionalista e antissemita teve a coragem de denunciar os responsáveis pelo vergonhoso processo contra Alfred Dreyfus, condenado a prisão perpétua, isolamento e imobilidade devido às pesadas correntes que o atavam à cama ou cadeira, numa ilha não habitada, sob o veredito de espionagem à La Grande Armée, Luiz Felipe Pondé escreveu “Eu acuso” (FSP de 4/11/13 – Ilustrada), onde demonstra acuidade política e análise cuidadosa sobre os tempos da pós-modernidade brasileira, enfocando a liderança esquerdista e os intelectuais atuantes nas mais famosas instituições de ensino do país.
Finalmente uma voz se levanta para acusar nossos “partidos de esquerda, de centro-esquerda, esquerda corrupta e do pântano” que, sem oposição, impõem aos jovens os princípios marxistas como verdades inquestionáveis, passando por cima dos ensinamentos que o desenrolar da história confirma. Somente aqui se acredita que os defensores de esquerda são amantes da liberdade. Nem mesmo os 50 anos de ditadura autoritária castrista em Cuba são capazes de provar a todos os verdadeiros ideais revolucionários em seu afã de eternidade e plenitude no poder! Nem mesmo os depoimentos via internet dos jovens que sofrem as penúrias e ameaças decorrentes de estar sob um governo comunista e todo o processo de transformação da população em apenas dois grupos diferenciados: os dirigentes e os indigentes. Nossas melhores universidades em total e descabido sentido evolutivo tomam a direção contrária e fazem pregação marxista exigindo a concordância de todos ou o silêncio, dependentes que estão das avaliações e notas para aprovação.
Nossa Justiça não é cega e a balança pende sempre para um lado nas questões em litígio e julgamento que revela sua face antidemocrática, contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e, mais recentemente, a favor do flerte com a violência revolucionária. Também a livre iniciativa é perseguida e demonizada “como se fosse feita por criminosos usurários”, bem de acordo com a atualidade cubana, onde “melhorar de vida, ainda que honestamente, é um ato tão subversivo quanto dar uma opinião sobre a política nacional”. (V. ed. 2346 – ano 46 nº 45)
Sinceramente, esperamos que Luiz Felipe Pondé não tenha o mesmo triste destino de Emile Zola: obrigado a se exilar na Inglaterra e, pouco depois do retorno à França, morte estranha que é analisada por muitos como possível assassinat inalação de gás carbônico, durante a noite, devido a um defeito na lareira do quarto do casal! Parabéns, Pondé, pelo brilhante texto! Continue assim, lúcido e vivo nas denúncias a este nosso Brasil!
(*) Psicóloga e psicanalista
