A Resolução 25/78 do Conselho Nacional de Cinema
A Resolução 25/78 do Conselho Nacional de Cinema – Concine – regulamenta a exibição de filmes nacionais e estrangeiros nos canais pagos e abertos bem como nas casas de exibição, mantendo uma reserva de mercado para as produções brasileiras. O Decreto 93.881/86 revoga a Resolução 25/78, mas, no entanto, fixa o número de dias por ano de exibição obrigatória das produções nacionais de longa-metragem bem como regulariza a exigência de aprovação do calendário de exibições cinematográficas.
Como consequência deste processo de censura há algum tempo os cinéfilos observam a queda na qualidade dos filmes em exibição nos canais pagos e abertos, além também da maçante repetição de títulos. Podemos dizer que, temos um número reduzido de fitas cinematográficas para serem exibidas e estas são repetidas indefinidamente. Dentre esses títulos, a proximidade da Copa Mundial de Futebol levou à prevalência de temas futebolísticos que incluem jogos, copas e craques. Se já não bastassem as transmissões ao vivo ou em replay das partidas em andamento nesta Copa Mundial os não adeptos não têm por onde escapar.
Buscando rotas alternativas deparei com outro tema persistente: a propaganda massacrante do regime político atual em contraposição a outros regimes ou outros governos. O filme exibido expôs mensagens para serem absorvidas ou internalizadas sem questionamentos pelos brasileiros. As cenas se desenrolam em torno de um casal que inicia família e vida produtiva a partir da inauguração de uma casa comercial de secos e molhados, com atendimento restrito aos homens para uma cerveja na volta do trabalho. No mesmo dia inaugural aparece, entre os poucos frequentadores, um delegado de polícia mal-encarado, em atitude nitidamente inamistosa e avaliativa. Após sua saída, a jovem esposa confidencia ao marid “tenho medo dele, porque não sei o que ele quer de nós!” Enquanto isso, alguns fatos históricos brasileiros situam o drama em torno dos acontecimentos que antecederam ao Golpe Militar de 1964 – o governo de ‘Jango’ Goulart, a influência de Leonel Brizola, os pronunciamentos do presidente e a movimentação popular. Foi nessa sequência que algumas cenas revelaram o intento perigoso do filme: um frequentador negro chega eufórico com as últimas notícias políticas de caráter claramente socialista do momento. A entrada do delegado de polícia causa um constrangimento ainda maior devido às suas atitudes e grosserias dirigidas ao noticiante revelando forte preconceito racial, pois chegou a tratá-lo como se fosse um cachorro inferior. O incômodo com a violência crescente em andamento fez o proprietário expulsar o delegado em defesa ao amigo frequentador. Nem é preciso dizer que, nas cenas finais, toda a família foi morta e o negro preso e torturado até morrer! Deixo para cada um a oportunidade de sintetizar a ideia textual! Salve-se deste Jogo de Marionetes!
(*) Psicóloga e psicanalista ilceaborba@netsite.com.br