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Jovens rebeldes: o Brasil te quer

A fecunda contribuição de Aurélio para o desenvolvimento cultural brasileiro

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 29/02/2012 às 20:12Atualizado em 17/12/2022 às 08:39
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A fecunda contribuição de Aurélio para o desenvolvimento cultural brasileiro e compreensão da nossa língua portuguesa apresenta o termo “rebelde” como se segue: que se rebela contra autoridade constituída, insurgente, revoltoso e ainda teimoso, obstinado, indisciplinado, indomável, indomesticável, bravo e bravio. Já o texto bíblico narra o seguinte episódi “... os anjos maus se rebelaram contra Deus, chefiados por Lúcifer.” Se inicialmente há uma mensagem justiceira no ato rebelde como no trecho a seguir: “As injustiças acabaram rebelando o povo” ou ainda “Os altos tributos rebelaram as colônias contra Roma”; a narrativa bíblica acima citada abre a possibilidade para uma visão do ato rebelde como bom ou mal dependendo de quem ou de que o desperta. Se a rebeldia pode ser fator de correção social ao eliminar injustiças ela também pode ser fator determinante de uma injustiça. A insurgência não contem em si a determinação moral positiva, esta deverá ser buscada na análise do ato como um todo a partir dos seus componentes primários: sujeito, objeto e conteúdo.

Dos muitos desafios duma época adolescente está o de ser capaz de aventurar-se por si só na realidade externa e, portanto ser capaz de separar-se e abandonar o espaço super-protegido da família para planar livre sobre o mundo. Sinteticamente compreendemos o processo formador pelo qual passam os humanos assim: a primeira força protetora contra a angústia é a mãe, que além de proteger satisfaz a fome; depois vem o pai que sendo mais forte está mais aparamentado para proteger-la; mas ela também aspira tornar-se independente do pai e, só mais tarde verificará que nunca vai deixar de necessitar da proteção contra forças estranhas e onipotentes. Daí surge a nostalgia do pai e os laços sociais buscam estabelecer instituições que deem ao homem a ilusão desse sustento, dessa proteção. Em 1921 Freud faz algumas referências a César, Napoleão e Wallenstein que, sabendo da importância desse ideal para cada jovem soldado, puseram frente a seus exércitos as ideias de Pátria e sentimento nacional, surtindo uma ilusão de invencibilidade diante de todos os outros exércitos.

Dessa forma concluímos que a força indomável que assegura ao adolescente uma singularidade expressa na construção do seu nome próprio, fora do sobrenome familiar, é a mesma que o inscreve num grupo de “irmãos”, reencentrando o sujeito diante de um líder em uma coletividade, mesmo que para isso ele abra mão da sua singularidade.

(*) psicóloga e psicanalista

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