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Maria Senhorinha de Lima

Ao dar sequência ao artigo da semana passada “Noiva do Cordeiro”, gostaria de corrigir o nome da matriarca do grupo – Maria Senhorinha de Lima – aquela que abandonou um casamento

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 30/09/2009 às 20:29Atualizado em 20/12/2022 às 10:23
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Ao dar sequência ao artigo da semana passada “Noiva do Cordeiro”, gostaria de corrigir o nome da matriarca do grupo – Maria Senhorinha de Lima – aquela que abandonou um casamento à antiga, arranjado pelos pais, em troca de um verdadeiro relacionamento afetivo e amoroso, ou seja, de sua própria escolha, com Chico Fernandes.

Analisando a história do grupo excluído - Noiva do Cordeiro -, constatamos a ineficácia desastrosa da intromissão de estranhos, assim como aconteceu com a chegada do Pastor interessado em comandar a comunidade em nome de uma série de crenças e regras religiosas. Tal como vimos, os rigores eram tão restritivos que passado algum tempo as lavouras e o rebanho estavam abandonados em favor do cumprimento de rituais severos e punitivos. Essa experiência trouxe maturidade aos membros do povoado que a partir de questionamentos profundos, no entanto nascidos da própria vivência objetiva e não de conhecimentos filosóficos ou comparações livrescas, permitiu uma retomada nas diretrizes básicas e necessárias à manutenção da excelência de vida de todos.

O passo seguinte foi a abolição de toda e qualquer obrigatoriedade de filiação a um grupo religioso ou ainda de obediência a um código civil distante da realidade deles. O próprio grupo doravante determinaria suas regras, seus limites e possibilidades. Aprenderam que poderiam ser autônomos em muitas coisas, mas ainda precisariam do intercâmbio comercial e profissional com cidades e vizinhos. Fortaleceram sua agricultura, criaram uma escola de informática aberta a todos, como também uma indústria de tecidos.

Alguns relatos comoventes revelam muito da sabedoria deles: uma das mulheres de lá ao casar-se foi levada pelo marido para fora que, entretanto, não conseguia lidar com as histórias escabrosas ouvidas constantemente, apontando ainda para as questões sexuais e perversas dos preconceitos. Após algum tempo de maus tratos, seguidos de proibição severa de nunca mais visitar ou acolher qualquer pessoa de Noiva do Cordeiro ela revoltada, mas impotente, fugiu com seus filhos pequenos pedindo abrigo aos irmãos de Noiva do Cordeiro, sendo então recebidos de braços abertos.

Eles se caracterizam pela valorização do social ou grupal em detrimento do individual, pela ausência de competição e rivalidade, pela priorização da igualdade e liberdade de escolha – inovações femininas autênticas e não apenas paródias desastrosas.

 

(*) psicóloga e psicanalista

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