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Minas Gerais: a pérola preciosa do Brasil!

Foi assim que o autor de Triunfo Eucharístico referiu-se a Vila Rica nos idos tempos

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 22/04/2015 às 16:23Atualizado em 17/12/2022 às 00:28
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Foi assim que o autor de Triunfo Eucharístico referiu-se a Vila Rica nos idos tempos de 1734. O ouro preto encontrado no vale fluvial dos rios São Francisco, Grande e das Mortes transformaram Vila Rica numa opulenta cidade, com muitas construções urbanas de dois pisos e jardins em forma de terraços. Postadas no topo de colinas ou diante de praças amplas, havia inúmeras igrejas barrocas arquitetonicamente bem proporcionadas, contendo naves opulentas, ricamente decoradas a ouro, fatores indicativos do poder econômico da região.

A população de Minas Gerais em 1776, excluídos os índios, era superior a 300 mil habitantes, o que representava 20% da população total da América portuguesa e constituía a maior aglomeração da colônia. (Dados levantados por Maxwell, Kenneth) A fazenda em Minas Gerais combinava, na sua maioria, engenho de açúcar com a mina, ou mina e pecuária. Os latifúndios tinham preferentemente lavra aurífera, grande lavoura e engenhos de açúcar e farinha, como, por exemplo, as grandes propriedades de Alvarenga Peixoto ao sul de Minas, ou as propriedades do rico vigário de São José em Rio das Mortes e, ainda a de Carlos Correia de Toledo e Melo. O advogado de Vila Rica Claudio Manuel da Costa era sócio da atividade mineradora realizada na sua fazenda, onde também criava gado e porcos.

Entre os brancos brasileiros emergira uma elite letrada cada vez mais representativa do caráter próprio de sua sociedade. Nos últimos 40 anos os mineiros ricos vinham mandando seus filhos para a Universidade de Coimbra: em 1786 havia 12 mineiros entre os 27 brasileiros matriculados nesta universidade, e em 1787 eram de Minas 10 dos 19 estudantes do Brasil lá matriculados. (Maxwell, K) Como exemplo citarei o rico advogado Claudio Manoel da Costa, pertencente ao mais antigo grupo de brasileiros diplomados em Coimbra. Sua espaçosa mansão em Vila Rica era o ponto de reunião da intelectualidade da capitania. Tomas Antonio Gonzaga – o ouvidor de Vila Rica e, também, poeta – era um dos assíduos frequentadores da casa do advogado e poeta. Os dois eram o centro de um grupo que contava com o intendente de Vila Rica Francisco Gregório Pires Bandeira, o contratante João Rodrigues de Macedo, o ex-ouvidor de São João del-Rei Alvarenga Peixoto e dois padres: Carlos Correia de Toledo e Melo e o cônego Luis Vieira da Silva da catedral de Mariana – homens inteligentes, cultos e de pensamentos afins que se encontravam regularmente para discutir poesia, filosofia e os acontecimentos da Europa e das Américas, capazes de pensar e programar rebeliões, difíceis de serem dominados e submetidos como vassalos do Soberano de Além-Mar. (continua)

(*) Psicóloga e psicanalista

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