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O Brasil somos nós!

Ainda hoje os gritos Brasil são de alegria! O resultado do jogo de segunda com o México

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 04/07/2018 às 20:37Atualizado em 17/12/2022 às 11:10
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Ainda hoje os gritos “Brasil” são de alegria! O resultado do jogo de segunda com o México, de 2 a 0, continua como fonte de uma enorme vibração de alegria ensurdecedora e enlouquecedora. Num passe de mágica, a realidade se transforma e a desesperança de ontem torna-se a euforia de hoje. O xale ostentado orgulhosamente pelos brasileiros é a mesma bandeira, ainda nas cores originais: o verde/amarelo que nos simboliza, mas a emoção é antônima porque traz uma mensagem alegre e vibrante capaz até mesmo de contagiar a todos. A mudança tem explicação muito fácil – estamos num período que reconhecemos como entre parênteses, um tempo que não pertence ao restante textual. O jovem brasileiro sempre em busca de cerveja, música e algazarra vive estes dias como um outro carnaval: explosão de alegria desmotivada e insustentável. Infeliz ou felizmente esta “Copa do Mundo” tem duração curta assim como a alegria descompromissada de todos, obrigados ao retorno inexorável.

Há muito tenho me preocupado com o número de jovens brasileiros desiludidos buscando outras terras onde possam florescer e frutificar já que não encontram futuro na própria pátria. Saem em busca do “Shangrilá” – aquele paraíso sonhado que o acolha como filho, que o alimente como mãe provedora, que o sustente nas suas necessidades sempre crescentes de carinho, afeição e companheirismo, só pra descobrir, posteriormente, que tudo isso está na sua pátria, na sua família, nos seus amigos, nos seus eleitos amorosos.

Revendo uma entrevista do Clodovil no antigo programa do Silvio Santos – Show dos Calouros - ouvi verdades atualíssimas porque apontavam características do modo peculiar de ser dos brasileiros. Naquele momento ele se referiu ao Brasil como “país de brincadeira” onde até mesmo a moeda é de brincadeira; e os brasileiros como aqueles que não têm orgulho e respeito ao que têm; reflexo do desrespeito a si mesmo. Aquilo que possuem se desvaloriza imediatamente com a simples posse. Ao se expatriarem aceitam todo e qualquer desrespeito por acreditarem que este novo lugar é melhor do que tudo que esteve ao seu lado. Podemos complementar as palavras do saudoso Clodovil focando as impotências e imperfeições comuns a todos os humanos. Aqueles que não conseguem lidar com maturidade seus próprios limites projetam-nos ao mundo exterior – no caso ao Brasil – e dirigem-se aos novos lugares eleitos na expectativa de que deixam para trás todas as suas impossibilidades podendo então colocar a fantasia do super-herói. Normalmente têm uma visão crítica aguçada que se alimenta dos seus próprios defeitos externalizados nos outros e a partir disso, vivem na ilusão da perfeição e esquecem de que NÓS SOMOS O BRASIL!

(*) Psicóloga e psicanalista

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