Entrar numa livraria para os amantes de livros e boas leituras é uma experiência no mínimo agradável...
Entrar numa livraria para os amantes de livros e boas leituras é uma experiência no mínimo agradável e no máximo oportunidade de descobertas essenciais. Assim aconteceu comigo nesta última visita à Livraria Selva. O título capturou meu olhar - “O Hotel na Place Vendôme” - antes mesmo que me conscientizasse por quê. Esta praça situa-se no coração de Paris e o Hotel só poderia ser o Hotel Ritz – um ícone da cidade que, desde sua inauguração, em 1898, é frequentado por astros e estrelas, escritores, pintores, elite financeira europeia e norte-americana e alta nobreza, fato que se mantém até os dias atuais: basta lembrar que a Princesa Diane passou lá seus últimos dias de vida.
Sem nem mesmo querer resistir imediatamente, me pus a saborear o achado. Tilar J. Mazzeo, autora de outros títulos que incluem biografias ("O segredo do Chanel nº 5") e história da cultura ("A viúva Clicquol"), propõe retomar a história fecunda deste hotel com seus hóspedes permanentes e temporários desde sua inauguração e, em especial, os fatos e personalidades presentes no hotel durante o triste período das duas guerras mundiais, detalhando ainda mais a II Grande Guerra, com a ocupação nazista da França.
No texto vemos nomes com Duque e Duquesa de Windsor, Sarah Bernhardt, Coco Chanel, Ingrid Bergman, Marlene Dietrich, Ernest Hemingway, Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Marcel Proust, General Charles de Gaulle, Winston Churchill, Robert Capa, Reichsmarschall Hermann Goring, Coronel Hans Speidel, sem contar com os proprietários do hotel e todo staff e muitos outros.
Aos poucos o dia a dia do Ritz se apresenta ao leitor com todo o luxo esplendoroso que caracterizou o período conhecido como “La Belle Époque”: a suntuosidade do local, as concorridas festas e jantares, aos quais se dirigiam todos os que desejavam ver e ser vistos.
Antes mesmo de a guerra começar, o Ritz já estava no centro da ação política do continente e dava forma àquele século. A chegada dos alemães não mudaria nada nesse sentido. Winston Churchill havia visitado o hotel não apenas uma vez nas semanas antes da invasão germânica à França, mas duas vezes. Na França ele se reunia com o conselho supremo de guerra – Paul Reynaud e, em especial com Georges Mandel, o ministro francês do Interior, de ascendência judaica, para juntos refletirem sobre o agitado cenário político dos anos 30.
O ministro da propaganda do Terceiro Reich declarou que a capital francesa deveria continuar sendo um lugar contente e alegre e que o Ritz seria o único hotel de luxo em funcionamento na Paris ocupada. Vale a pena conhecer detalhes dessa história fecunda de grandes consequências para todo o mundo!
(*) Psicóloga e psicanalista