Pelas ruas de Viena, no início do século XX, andavam povos distintos claramente distinguidos...
Pelas ruas de Viena, no início do século XX, andavam povos distintos claramente distinguidos pelas suas roupas diferenciadas; agora, pelas mesmas ruas vienenses andam povos distintos, disfarçados em suas distinções pela igualdade aparente. Ninguém mais ostenta sua origem pelo vestuário; nem mesmo sua classe política, religiosa ou social. As roupas atuais mostram uma ideologia, tal como antes, mas ideologia oposta. Se antes o individualismo fazia sua ascensão, agora é a vez do coletivismo. Nada contra, o perigo é o excesso tanto de um quanto do outro.
Em 1961, o então presidente Jânio Quadros determinou a proibição de biquínis nas praias do Rio de Janeiro, sob a alegação de que os maiôs eram menos provocantes, por isso mesmo mais corretos.
Em maio de 2012 entra em vigor a Lei da Palmada, estabelecendo como “fora da lei” castigos físicos no processo educacional dos pais e seus filhos e, ainda, representando uma restrição legal à liberdade e poder dos pais sobre seus filhos. Os exemplos não param: Lei do Desarmamento, Lei das Quotas Raciais, PNDH-3 e tantos outros. A sensação recorrente é de que o Estado se agiganta, diminuindo o peso e a importância de outras instâncias sociais, como a família. Em outras palavras, o Estado com o monopólio da força e com amplas funções modeladoras em relação às instituições da sociedade, entre elas a instituição familiar, numa clara inversão, pois a família deveria ter o papel social de limitadora das propostas governamentais.
É altamente elucidativo dirigir nosso olhar para a Alemanha de 1933: o Nazismo propunha, então, mudanças significativas sociais a partir do conceito de realizar uma Engenharia Social. As crianças eram chamadas a participar da “Juventude Hitlerista”, o que significava o afastamento da vida familiar, restrita em prol do agrupamento por faixa etária em programações estendidas além das tarefas escolares, sempre sob a tutela de “Jovens Hitleristas”, com muitas diversões, brincadeiras, jogos, esportes, companheirismo e lutas corporais. Uma cena memorável: as crianças retornam para a pequena cidade depois de um dia no campo, entoando canções ativistas, seguindo um jovem ariano que carrega nos ombros uma criança ariana ultrafeliz. Uma bela e contagiante cena, que nem mesmo nossos atuais e bem formados marqueteiros não duvidariam um minuto em copiar.
O que poderia ser analisado como propostas insensatas de um Legislativo ocioso, devido à sua expansão numérica exagerada, deve ser retomado prudentemente como base de ideologia totalitária, pretendendo deter o poder supremo ao ditar normas éticas e morais ao mesmo tempo em que se torna o Pai de todos.
(*) Psicóloga e psicanalista